A policitemia vera, uma forma rara de câncer sanguíneo com poucas opções de tratamento eficazes, pode em breve passar por uma transformação, de acordo com os resultados de um novo ensaio clínico.
Um medicamento experimental injetável chamado rusfertida parece ser eficaz na redução da produção excessiva de glóbulos vermelhos, característica distintiva da doença.
“Rusfertida parece representar um avanço significativo no tratamento da policitemia vera através de seu método único de limitar a quantidade de ferro disponível para a produção de células sanguíneas”, afirmou a Dra. Marina Kremyanskaya, autora principal do estudo e professora associada de medicina (hematologia e oncologia médica) no Icahn Mount Sinai, na cidade de Nova York.
O estudo foi financiado pelo fabricante do medicamento, Protagonist Therapeutics, e foi publicado na edição de 21 de fevereiro da revista New England Journal of Medicine.
A policitemia vera é muito rara, afetando entre uma e três pessoas a cada 100.000. Trata-se de uma doença crônica que envolve a produção excessiva de células sanguíneas, especialmente glóbulos vermelhos, pela medula óssea. Os pacientes com policitemia vera desenvolvem um espessamento do sangue, aumentando o risco de coágulos, acidentes vasculares cerebrais e ataques cardíacos.
Os tratamentos atuais incluem o uso de aspirina para prevenir coágulos ou medicamentos que reduzem os níveis de glóbulos vermelhos, como hidroxiureia, interferon e ruxolitinib, conforme explicado pelos pesquisadores em um comunicado de imprensa do Mount Sinai.
Os pacientes também costumam passar por flebotomias, um procedimento no qual agulhas são usadas para retirar sangue e reduzir o volume sanguíneo geral. As flebotomias frequentes podem ser desafiadoras para os pacientes tanto mental quanto fisicamente e também podem reduzir os níveis de ferro no sangue.
Apesar desses tratamentos, os pacientes com policitemia vera ainda podem experimentar níveis perigosamente altos de glóbulos vermelhos, aumentando suas chances de complicações.
Conforme explicado pelos pesquisadores, a rusfertida funciona imitando uma hormona hepática que ajuda a regular a quantidade de ferro no sangue. O medicamento auxilia na redução dos níveis de ferro e na produção geral de glóbulos vermelhos.
O novo ensaio foi realizado em 16 centros médicos, com a participação de 70 pacientes com policitemia vera. Os pacientes podem se autoinjetar o medicamento em casa.
Durante um período de tratamento de sete meses, os pacientes que receberam injeções de rusfertida experimentaram um “controle melhorado e sustentado” de sua produção excessiva de glóbulos vermelhos, conforme o comunicado de imprensa do Mount Sinai.
Os sintomas comuns da policitemia vera (coceira na pele, suores noturnos, dificuldade de concentração e fadiga) também foram aliviados nos pacientes que receberam a terapia. Os pesquisadores adicionaram que o medicamento pareceu ser bem tolerado.
Kremyanskaya destacou que a rusfertida é “muito promissora” contra a doença, pois reduz as concentrações de glóbulos vermelhos.
“Igualmente importante é que reduziu a necessidade de repetir flebotomias, e alguns pacientes permaneceram praticamente livres do procedimento por mais de dois anos e meio”, observou. Um ensaio clínico de fase 3 está planejado, conforme anunciaram os pesquisadores.
