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Um grande estudo revelou que injeções para perda de peso podem impulsionar a saúde mental e reduzir o risco de suicídio em adolescentes obesos. Os resultados contrariam preocupações anteriores de que medicamentos como Ozempic poderiam, na verdade, desencadear pensamentos suicidas, oferecendo maior tranquilidade a médicos e pacientes.
A pesquisa americana — publicada na JAMA Pediatrics — é o primeiro estudo até hoje a analisar o impacto do medicamento para perda de peso na saúde mental de adolescentes. Os pesquisadores analisaram 4.000 participantes obesos com idades entre 12 e 19 anos, que estavam em tratamento com semaglutida, o princípio ativo presente em Ozempic e Wegovy, ou liraglutida, comercializado como Victoza e Saxenda.
Os dados de saúde desses adolescentes foram comparados a 50.000 pessoas da mesma faixa etária que foram tratadas apenas com medidas de estilo de vida, sem a administração de medicamentos.
No geral, o uso de Ozempic foi associado a uma redução de 33% no risco de pensamentos ou tentativas de suicídio ao longo de 12 meses de acompanhamento. Os pesquisadores observaram que essa tendência se manteve após um acompanhamento de três anos.
Esses resultados vêm após um estudo publicado pelo Imperial College London no ano passado, que revelou que crianças com sobrepeso têm o dobro da probabilidade de sofrer problemas de saúde mental em comparação com seus colegas.
No entanto, o estudo também constatou que os adolescentes que tomaram o medicamento apresentaram uma taxa maior de efeitos colaterais relacionados ao uso de drogas, especialmente diarreia.
A obesidade entre crianças de cinco a 19 anos aumentou drasticamente nos últimos anos, com um aumento de oito vezes nas últimas quatro décadas. Dados recentes no Reino Unido mostram que 36,6% das crianças são classificadas como com sobrepeso, uma alta em comparação aos cerca de 20% de uma década atrás. A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que 37 milhões de crianças com menos de cinco anos estão com sobrepeso globalmente — quatro milhões a mais do que no início do século.
Ozempic é um medicamento principalmente para diabetes e atualmente não está disponível no Sistema Nacional de Saúde (NHS) para perda de peso. O estudo, no entanto, observou que o uso de Ozempic para tratar a obesidade em adolescentes “está sendo cada vez mais adotado”.
Especialistas alertam que, embora os resultados sejam promissores, mais pesquisas são necessárias nessa área. “Desde os estudos originais que levantaram preocupações sobre possíveis danos causados por esses medicamentos, estudos subsequentes mostraram que não é o caso. Agora, até alguns sugerem o oposto, que esses medicamentos podem impactar positivamente a saúde mental, mas ainda precisamos de vigilância contínua sobre esse tópico”, disse o Professor Naveed Sattar, especialista em obesidade da Universidade de Glasgow.
“Os resultados aqui, no entanto, não são tão surpreendentes, pois se pode antecipar um benefício favorável ao se perder peso e se envolver em atividades saudáveis”, acrescenta. “Se você tem menos peso e melhor saúde mental como resultado, embora os resultados sejam promissores, precisamos de ensaios clínicos maiores.”
No início deste ano, estudos sugeriram que Ozempic poderia aumentar pensamentos suicidas. No entanto, um estudo pioneiro da Universidade de Oxford, realizado neste verão, concluiu que não era o caso. Os pesquisadores de Oxford descobriram que não havia ligação entre o medicamento e condições psicológicas.
Eles afirmaram que seus resultados poderiam até ser aplicados para o uso do medicamento além do tratamento da perda de peso. “Nossos resultados sugerem que o uso de semaglutida poderia ir além do manejo do diabetes, oferecendo potencialmente benefícios inesperados no tratamento e prevenção do declínio cognitivo e do uso de substâncias”, afirmou o Dr. Riccardo De Giorgi, da Universidade de Oxford.