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Uma faculdade de odontologia especializada em estética, localizada em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, começará a utilizar cadáveres “fresh frozen” (ou congelados) importados dos Estados Unidos em suas aulas práticas.
A técnica de preservação desses corpos, que se difere do embalsamamento químico com formol, é aplicada para preservar cadáveres frescos por meio do congelamento.
A Face U, como é chamada a instituição, iniciará suas atividades em 20 de fevereiro de 2024, com o objetivo de combinar “função, estética e bem-estar”, de acordo com seus idealizadores.
A faculdade, que recebeu autorização do Ministério da Educação (MEC) em agosto de 2024, faz parte do Grupo Kefraya, que também administra o Instituto de Treinamento em Cadáveres do Brasil (ITC), já conhecido por empregar cadáveres “fresh frozen” em suas aulas em Balneário Camboriú.
Mohamad Abou Wadi, cirurgião-dentista e fundador do grupo, explica que a graduação não só prepara dentistas para o cuidado do sorriso, mas também para “proporcionar harmonia e beleza facial completa”. No Brasil, ao menos duas instituições utilizam a técnica de preservação por congelamento, além do ITC: a Faculdade CTA, em Campinas (SP).
De acordo com Mohamad, o uso de peças anatômicas — termo técnico para corpos usados em ensino e pesquisa — permite que os alunos realizem simulações de cirurgias com um grau de realismo mais próximo da experiência com pacientes vivos. Ele destaca que os cadáveres embalsamados apresentam limitações, como o uso em treinamentos dermatológicos, pois a camada de pele é tratada com formol, o que interfere na simulação de procedimentos. Já os cadáveres “fresh frozen” mantêm características do tecido vivo, como viscosidade e mobilidade, o que garante uma experiência mais realista no manuseio e na execução de técnicas, permitindo, por exemplo, que os alunos aprendam a aplicar procedimentos de forma segura e eficiente, evitando complicações como necrose ou embolia.
O curso também abrange disciplinas voltadas ao empreendedorismo e ao branding pessoal. As turmas serão compostas, em média, por 25 alunos, com acompanhamento próximo dos professores.
As peças utilizadas nas aulas de anatomia são importadas dos Estados Unidos e não podem ser compradas, pois a legislação brasileira proíbe a comercialização de órgãos e corpos humanos. No entanto, empresas internacionais especializadas oferecem serviços de conservação, armazenamento e transporte de cadáveres, atendendo às regulamentações nacionais.
As instituições podem, ainda, solicitar peças específicas, como corpos com problemas dentais, para treinamento odontológico.
Mohamad esclarece que, embora o foco dos cursos de estética esteja no crânio, para procedimentos como harmonização facial, o restante do corpo também é utilizado em diversas áreas da medicina, como dermatologia, otorrinolaringologia, rinoplastia, cirurgias neurológicas e odontologia avançada.