Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Telegram: [link do Telegram]
WhatsApp: [link do WhatsApp]
Embora bactérias como a Salmonella, conhecida por causar intoxicação alimentar, tenham sido foco de pesquisas anteriores, seus resultados sempre foram limitados. Isso ocorre porque, embora a bactéria tenha um efeito supressor sobre o crescimento das células tumorais, ela também enfraquece uma parte do sistema imunológico que é crucial para combater os tumores.
No entanto, uma nova descoberta feita por pesquisadores do Cancer Research UK, financiada pela instituição, em Glasgow e Birmingham, identificou o mecanismo que causa a supressão do sistema imunológico e encontrou uma solução em potencial.
O estudo, publicado na revista EMBO Molecular Medicine, analisou a resposta das células T — um tipo de célula do sistema imunológico que ajuda a proteger o corpo contra o câncer — a uma forma segura e modificada de Salmonella em camundongos com câncer colorretal.
Os pesquisadores descobriram que a Salmonella impede que as células T realizem seu trabalho de bloquear o avanço das células do câncer colorretal.
A equipe também identificou que a Salmonella esgota um aminoácido chamado asparagina, essencial para o crescimento do tumor, o que também suprime as células T, paralisando seus processos metabólicos. No entanto, os cientistas acreditam que a Salmonella pode ser mais uma vez modificada para trabalhar em conjunto com o sistema imunológico, permitindo que as células T continuem a atacar as células cancerígenas, enquanto a bactéria suprime o crescimento do tumor.
O principal pesquisador, Dr. Kendle Maslowski, do Cancer Research UK Scotland Institute em Glasgow e da Universidade de Glasgow, comentou: “Sabemos que a Salmonella atenuada e outras bactérias têm o poder de combater o câncer, mas até agora não sabíamos exatamente por que não estavam sendo tão eficazes quanto poderiam ser. Nossa pesquisa descobriu que o aminoácido chamado asparagina, atacado pela bactéria, é essencial para ativar as células T. Acreditamos que, com esse conhecimento, as bactérias podem ser modificadas para não atacar a asparagina, permitindo que as células T ajam contra as células tumorais, abrindo caminho para novos tratamentos eficazes para o câncer.”
O primeiro autor, Dr. Alastair Copland, Pesquisador de Imunologia na Universidade de Birmingham, afirmou: “É particularmente gratificante transformar uma bactéria causadora de doenças como a Salmonella em um agente que combate o câncer.”
Embora o uso de bactérias para tratar o câncer tenha sido investigado desde o século XIX, os perigos à saúde associados a elas impediram maiores avanços. No entanto, os recentes avanços na modificação genética para tornar as bactérias seguras para uso médico impulsionaram uma nova onda de pesquisas nessa área.
A diretora de pesquisa do Cancer Research UK, Dra. Catherine Elliott, concluiu: “As terapias bacterianas não se tornaram amplamente utilizadas, apesar dos enormes progressos que estamos fazendo com as imunoterapias, que utilizam o sistema imunológico do próprio corpo para atacar o câncer. No entanto, o poder das bactérias já é amplamente reconhecido como uma forma promissora de tratar doenças. Esse desenvolvimento empolgante do Cancer Research UK Scotland Institute pode levar a tratamentos mais eficazes para pacientes com câncer colorretal e outros tipos de câncer no futuro, oferecendo esperança aos pacientes.”
De acordo com as projeções divulgadas nesta quinta-feira (1º) pela Iarc (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer), o Brasil poderá registrar cerca de 554 mil mortes causadas por câncer em 2050, o que representa um aumento de 98,6% em relação aos óbitos registrados em 2022, que foram 279 mil. A estimativa da agência, vinculada à OMS (Organização Mundial da Saúde), também aponta para 1,15 milhão de novos casos de câncer até 2050, um aumento de 83,5% em comparação com os 627 mil casos diagnosticados em 2022.