Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Nos últimos relatórios sobre a inflação oficial do Brasil, o El Niño tem sido destacado juntamente com o noticiário climático. O aumento significativo do calor e das chuvas, consequência desse fenômeno, resultou em danos à parte da safra de alimentos frescos, ocasionando um aumento nos preços nos supermercados.
Estima-se que o El Niño alcance sua fase final neste mês. No entanto, outro evento climático, o La Niña, está começando a surgir. Prevê-se que esse novo fenômeno comece a se manifestar a partir de agosto deste ano. Em resumo, o La Niña tem a característica de inverter a distribuição de chuvas e secas em relação ao El Niño.
Para esclarecer:
– O El Niño é identificado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico em 0,5ºC ou mais. Isso normalmente resulta em chuvas intensas no Sul do Brasil e em períodos de seca no Norte.
– O La Niña ocorre quando as águas do Oceano Pacífico estão pelo menos 0,5ºC abaixo da média histórica, ocasionando o efeito oposto: chuvas intensas no Norte e Nordeste e seca no Sul.
Apesar das preocupações de alguns economistas, há uma expectativa inicial de que os impactos do La Niña nos preços sejam menos severos do que em edições anteriores.
O último episódio registrado do La Niña durou três anos (2020-2023) e teve fortes repercussões na produção agropecuária, afetando os custos no campo e pressionando a inflação.
A falta de chuvas resultou em declarações de emergência por parte de municípios localizados no Centro-Sul do país, onde se concentram as principais produções rurais, afetando alimentos como milho, soja, frango, feijão, leite e carne bovina.
A estiagem, uma característica histórica do La Niña, também pode aumentar os custos de energia elétrica devido à redução do volume de água nas represas, afetando a produção de energia hidrelétrica, especialmente no Centro-Sul, onde está a maior parte da capacidade de armazenamento de água do país.
Apesar das preocupações com base no histórico do fenômeno, espera-se que o La Niña deste ano tenha menos impacto tanto na agricultura quanto nos reservatórios, o que pode resultar em impactos menos significativos nos preços para produtores e consumidores ao longo de 2024.
Esse cenário otimista é reforçado pela expectativa de uma transição mais suave do evento climático, com maior probabilidade de ocorrência apenas a partir de agosto. Além disso, o período recente de chuvas ajudou a umedecer o solo e a manter os reservatórios, o que pode aliviar os próximos meses.
As boas condições de produção em outros países, como a Argentina, também contribuíram para esse cenário, ajudando a controlar os preços de commodities como soja e milho.
Em relação ao El Niño, o último registro havia sido oito anos atrás, entre 2015 e 2016. Embora costume preocupar a produção agrícola global, em alguns casos, as perdas podem ser compensadas pelo aumento da produção em outras regiões, devido às condições climáticas distintas durante o fenômeno.
Apesar dos impactos menos severos no índice geral, algumas altas nos preços foram observadas, especialmente no subgrupo Alimentação no domicílio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As altas nos preços dos alimentos frescos, como hortaliças, legumes e frutas, foram significativas, especialmente entre dezembro e fevereiro.
A expectativa é que os preços dos alimentos registrem deflação nos próximos meses, especialmente para produtos que tiveram aumentos significativos no último trimestre, como tubérculos, frutas e hortaliças. Essa projeção está condicionada às condições climáticas e econômicas esperadas.
Quanto ao abastecimento de água e à produção de energia elétrica, o La Niña também suscita preocupações, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, que concentram a maior parte dos reservatórios. A possibilidade de períodos de seca nessas regiões pode encarecer a produção de energia elétrica e afetar os preços de serviços e produtos industriais.