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Evo Morales é investigado por estupro e tráfico de pessoas na Bolívia

José Cruz/Agência Brasil

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O ex-presidente Evo Morales está sendo investigado por um caso de estupro, além de tráfico e trata de pessoas, conforme divulgado pela advogada Sandra Gutiérrez, que foi procuradora departamental de Tarija e destituída de seu cargo após o surgimento desse caso. Na noite de quarta-feira (2), foi revelado que havia um mandado de apreensão contra o ex-presidente, o qual foi anulado após a concessão de um habeas corpus.

De acordo com a ex-procuradora Gutiérrez em uma entrevista na televisão, a investigação teve início a partir de uma denúncia apresentada na semana passada, sobre a qual não quis fornecer detalhes. Na ordem de apreensão, é mencionado que o caso envolve um suposto vínculo com uma menor de idade que teria ocorrido em 2018.

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Após a denúncia, foi formada uma comissão de procuradores, que decidiu abrir uma investigação pelo crime de tráfico e trata de pessoas, além de emitir um pedido de apreensão contra Morales e outras duas pessoas, cujas identidades não foram reveladas, enquanto as investigações prosseguem.

Em entrevista ao site argentino Infobae, a advogada Cecilia Urquieta, integrante da equipe jurídica do Movimento ao Socialismo (MAS), classificou a investigação como uma “perseguição judicial” contra o ex-presidente e afirmou que, após a marcha de protesto que ele realizou contra o governo no meio de setembro, cinco processos foram abertos contra ele.

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Sobre a denúncia de tráfico e trata de pessoas em particular, Urquieta indicou que se baseia em “um rumor, um boato de anos atrás que nunca pôde ser comprovado” e afirmou que a suposta vítima não faz parte da denúncia. Ela acrescentou que a investigação teve origem na Procuradoria de Tarija e que o caso apresenta “muitos vícios e irregularidades”, razão pela qual os advogados de Morales acreditam que todo ato será nulo.

Urquieta afirmou que o ex-presidente tomou conhecimento do caso “por acaso”, já que não recebeu nenhuma notificação formal. “Foi um momento de preocupação para todos, mas (a Evo Morales) eu o ouvi muito forte porque ele tem o apoio do povo”, disse, relatando que seus seguidores no trópico de Cochabamba se organizaram para protegê-lo. “Se houver esse tipo de irregularidades, o povo vai se mobilizar (…) Isso assusta (o governo), a força social e política que Evo Morales possui”, sustentou.

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O caso surge em meio à disputa interna no MAS entre facções ligadas a Morales e ao presidente do país, pela liderança do partido e pela candidatura presidencial nas eleições gerais de 2025.

Nesse contexto, na semana passada, o ex-ministro da Justiça Iván Lima anunciou que nos próximos dias serão iniciados processos judiciais contra pessoas que “fizeram mal ao povo boliviano”. “Vou assumir a defesa, a acusação e levar adiante processos contra pessoas que prejudicaram o povo boliviano, que participaram não apenas da destruição da inocência de meninas, mas também da inocência de famílias”, afirmou Lima em seu discurso de despedida.

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Procuradora que conduziu o caso é destituída

Sandra Gutiérrez denunciou que, após emitir o mandado de apreensão, o procurador-geral do Estado, Juan Lanchipa, exigiu que ela apresentasse sua renúncia e lhe impediu de entrar em seu gabinete. “Para mim, isso é uma perseguição e denuncio publicamente, e também farei uma denúncia à comunidade internacional”, declarou.

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Gutiérrez não apresentou sua renúncia, mas recebeu um memorando de agradecimento por seus serviços. “A partir de agora deixo de ser procuradora departamental porque acabo de ser notificada”, afirmou.

A notícia sobre a ordem de apreensão de Evo Morales gerou uma onda de reações no país. Políticos da oposição afirmaram que o processo investigativo deve continuar, apesar da destituição da procuradora Gutiérrez. “Não se pode menosprezar o que foi feito até agora, e ao procurador-geral (Juan Lanchipa) só cabe dar continuidade a esse caso”, afirmou a deputada Luciana Campero.

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