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A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) identificaram, depois de cinco anos de investigações, um esquema de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho (CV), a maior facção do tráfico do RJ. Essa rede de pessoas físicas e empresas — muitas de fachada — é alvo da Operação Overload 2, deflagrada nesta quinta-feira (17).
De acordo com a força-tarefa, em pouco mais de um ano, 10 CPFs e 35 CNPJs movimentaram R$ 200 milhões com ordens que partiam de dentro de presídios.
Agentes do PCRJ e do MP-RJ saíram para cumprir 25 mandados de busca e apreensão em 10 cidades de cinco estados. No Rio, os endereços visados eram em Ramos e na Penha.
Segundo a polícia, a lavagem ocorria quando o dinheiro das atividades criminosas era depositado nas contas dessas empresas e “transformado” em salários ou lucro, o que daria uma aparência de legalidade. “No transcorrer da investigação, foram detectadas inúmeras negociações de vendas de armas e drogas pela organização criminosa, sendo identificadas diversas contas bancárias envolvidas na transação”, afirmou a polícia.
As pessoas jurídicas utilizadas na atividade criminosa ficavam situadas no Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. “Algumas delas nem sequer possuíam sede própria ou funcionários cadastrados”, destaca a polícia.
Além do Rio, agentes cumpriram mandados em Campo Grande (MS), Ponta Porã (MS), Curitiba (PR), Araucária (PR), Guarapuava (PR), Ponta Grossa (PR), São José dos Pinhais (PR), Belo Horizonte (MG) e Mafra (SC).
A Operação Overload 1
Em junho de 2015, mais de 400 policiais participam da primeira fase da operação e prenderam nove pessoas. Na ocasião, a polícia descobriu que o faturamento mensal da quadrilha somente na Baixada Fluminense ultrapassou mais de R$ 7 milhões. Ao fim das investigações, a Justiça condenou 61 traficantes da cúpula do Comando Vermelho — entre eles, chefes que agiam de dentro de presídios federais.
Alguns dos condenados são:
- Marcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, apontado como líder da organização criminosa;
- Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, tido como dono do tráfico de todas as favelas da Baixada Fluminense;
- Elieser Miranda Joaquim, o Criam, “ajudante de ordens” de Elias Maluco;
- Edson Silva de Souza, o Orelha, chefe do tráfico do Complexo do Alemão;
- Eduardo Fernandes de Oliveira, o 2D, do Complexo do Alemão;
- Elizeu Felício de Souza, o Zeu;
- Alcindo Luiz Fernandes, o Da Cabrita;
- Luiz Claudio Machado, o Marreta;
- Anderson Sant’Anna da Silva, o Gão;
- Claudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira;
- Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fu da Mineira.
Todos estão presos, mas, segundo as investigações, continuam dando ordens para a quadrilha.
A Operação Overload 2 é uma parceria da Subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional, 25ª DP (Engenho Novo) e Delegacia de Combate às Drogas, com apoio do Departamento de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.
“Desarticulamos toda a engenharia financeira da maior facção do RJ que movimentou milhões, fruto do lucro com a venda de drogas”, afirmou o coordenador da operação, o delegado Felipe Curi, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada.
A ação faz parte de diretriz do novo secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski para intensificar o combate à lavagem de dinheiro do crime organizado e do tráfico de drogas.
A polícia afirma ainda que o Comando Vermelho articulou a tentativa de invasão contra o Complexo de São Carlos, no fim de agosto, que levou confrontos a diferentes pontos do Rio.
“O fortalecimento do poderio bélico da facção está diretamente vinculado aos altos valores auferidos pelas suas atividades ilícitas, o que tende a aumentar com as recentes decisões judiciais que vedam as ações policiais em comunidades dominadas pelo tráfico”, sustentou a polícia.