Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Telegram: [link do Telegram]
WhatsApp: [link do WhatsApp]
A morte do estudante universitário Bernardo Paraiso, baleado na última segunda-feira durante um tiroteio entre grupos em Seropédica, despertou a atenção para um conflito que já se estende por aproximadamente quatro anos.
Durante esse período, os residentes da cidade na Baixada Fluminense testemunharam a transformação de uma localidade tranquila, sede da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em uma área disputada por diferentes facções armadas.
Os grupos criminosos rivais operam ao longo da BR-465, antiga Rodovia Rio-São Paulo, que conecta a Avenida Brasil, atravessa Nova Iguaçu e chega a Seropédica. A localização do município é estratégica para os milicianos, especialmente devido à proximidade com a Rodovia Rio-Santos e o porto de Itaguaí.
Atualmente, o conflito em Seropédica envolve as milícias lideradas por Juninho Varão, Zinho e Chica, esta última recentemente aliada aos traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP). Anteriormente aliados, Chica e Juninho se separaram, enquanto o grupo liderado por Zinho, percebendo uma lacuna de comando, tenta expandir sua influência na região.
Os confrontos em Seropédica tiveram início em outubro de 2020, quando um grupo de milicianos foi interceptado por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Civil na Rio-Santos, resultando na morte de todos os criminosos.
Naquela época, o grupo estava associado ao miliciano Danilo Dias Lima, conhecido como Tandera.
Em 2020, Tandera e Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko, lideravam as duas principais milícias do Rio. Após o incidente na Rio-Santos, eles começaram a desconfiar um do outro e romperam a parceria.
Oito meses depois, Ecko foi morto pela polícia, e seu irmão, Luiz Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho, assumiu o comando do grupo. Isso resultou em confrontos armados nas zonas oeste e baixada, antes pacíficas.
Atualmente, o grupo associado a Zinho controla a região ao redor do quilômetro 40 da antiga Rio-São Paulo, incluindo o bairro de Chaperó em Itaguaí. Após a prisão de Zinho, o comando do grupo passou para Rui Paulo Gonçalves Estevão, conhecido como Pipito.
Em Seropédica, a cerca de nove quilômetros de Chaperó, outro grupo de milicianos exerce sua influência. Após a morte de Tauã de Oliveira, conhecido como Tubarão, a violência na região intensificou-se, com confrontos frequentes.
Após a prisão de Zinho, Juninho Varão assumiu o controle da área e expandiu sua influência, resultando em uma escalada na violência. Além disso, um antigo associado de Tubarão, Jefferson Araújo dos Santos, conhecido como Chica, aliou-se ao TCP, aumentando a complexidade do conflito.
A suspensão das atividades e aulas na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) após o tiroteio que resultou na morte de um estudante e no ferimento de duas crianças demonstra o impacto do conflito na comunidade local.
Os moradores de Seropédica e os estudantes da UFRRJ estão apreensivos com a crescente violência na região. O tiroteio ocorrido na última segunda-feira representa um ponto de inflexão para a cidade, que até então observava um aumento gradual da violência.
O professor de sociologia da UFRRJ, José Claudio Souza Alves, acredita que esse evento terá repercussões significativas, destacando que a violência interrompe a tranquilidade que antes caracterizava a cidade.