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A Coreia do Norte anunciou pela primeira vez na quinta-feira (27) que testou tecnologia para lançar várias cabeças nucleares com um único míssil, dias após a visita do presidente russo Vladimir Putin a Pyongyang, onde discutiu a possibilidade de expandir a cooperação militar e técnica.
O teste realizado teve como objetivo garantir a capacidade MIRV (Multiple Independently targetable Reentry Vehicle, em inglês), informou a Agência Central de Notícias da Coreia do Norte. MIRV é uma carga útil de míssil que contém várias cabeças nucleares, cada uma capaz de atingir um alvo diferente. Segundo o relatório, o teste foi conduzido com parte de um sistema MIRV, não com um míssil completo de múltiplas ogivas.
Desde a reunião entre o líder norte-coreano Kim Jong-un e Putin na semana passada, funcionários e analistas têm expressado preocupação com a possibilidade de Kim intensificar a expansão de seu arsenal nuclear.
A capacidade MIRV representa um aumento significativo na ameaça que a Coreia do Norte representa para os Estados Unidos e seus aliados, pois torna mais difícil a interceptação por sistemas de defesa antimísseis. No entanto, especialistas acreditam que o país ainda está longe de dominar essa tecnologia.
Autoridades sul-coreanas criticaram o anúncio do Norte como enganoso e exagerado, sugerindo que as imagens do teste divulgadas pela mídia estatal poderiam ter sido manipuladas. Segundo eles, um míssil balístico hipersônico explodiu sobre as águas a leste da Coreia do Norte após voar 150 milhas, o que consideraram um fracasso.
Kim tem intensificado o desenvolvimento de capacidades nucleares desde o colapso das negociações diretas com o ex-presidente dos EUA Donald J. Trump em 2019. A relação entre Kim e Putin se fortaleceu desde a invasão russa à Ucrânia em 2022, levando Washington e seus aliados a acusarem a Coreia do Norte de enviar armamentos para ajudar a Rússia.
Durante a visita de Putin a Pyongyang, os líderes assinaram um “tratado de parceria estratégica abrangente”, incluindo o compromisso de fornecer assistência militar imediata em caso de ataque a qualquer um dos países.
Um míssil de múltiplas ogivas tem sido um objetivo de longa data para Kim, que já conduziu várias testes nucleares bem-sucedidos. No entanto, ainda não demonstrou capacidade de desenvolver uma ogiva que possa sobreviver à reentrada na atmosfera em um míssil balístico, representando uma ameaça direta aos adversários distantes como os EUA.
A Coreia do Norte depende fortemente de mísseis como sua principal força nuclear, dado que não possui aviões de guerra ou submarinos avançados para lançá-los. Recentemente, tem desenvolvido mísseis de combustível sólido, mais fáceis de transportar e ocultar, além de testar tecnologia de mísseis hipersônicos, embora especialistas sul-coreanos acreditem que ainda levará anos para ter sucesso nesse campo.
No teste de quarta-feira, a Administração de Mísseis da Coreia do Norte afirmou ter realizado com sucesso a separação e o controle de orientação de ogivas móveis individuais. Engenheiros utilizaram o motor da primeira fase de um míssil balístico de combustível sólido de alcance intermediário para o teste, garantindo a segurança e calibrando melhor as características de voo das ogivas.
Os Estados Unidos, junto com Coreia do Sul e Japão, têm aumentado a defesa conjunta em resposta às crescentes ameaças da Coreia do Norte e China. No fim de semana, um grupo de porta-aviões dos EUA chegou à Coreia do Sul para um exercício conjunto com Tóquio. Na quarta-feira, Seul realizou exercícios com fogo real de artilharia e foguetes em ilhas próximas à sua fronteira marítima ocidental com a Coreia do Norte.
Com informações do The New York Times 2024