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Andreína Machado, uma venezuelana e consultora de imagem na Cidade do México, compartilhou suas dificuldades em participar das eleições presidenciais deste domingo (28). “Infelizmente não posso votar porque não pude me registrar aqui, um dos requisitos era ter residência permanente e ainda sou residente temporário”, explicou ela.
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), cerca de 21 milhões de venezuelanos estão habilitados para votar, mas muitos que vivem no exterior não poderão participar. No México, a comunidade de venezuelanos com estadia regular é estimada em cerca de 100 mil habitantes, conforme dados da Venemex, uma organização de apoio humanitário aos venezuelanos no México.
No entanto, apenas 3.215 venezuelanos poderão votar na embaixada da Venezuela na Cidade do México, um número criticado por especialistas devido ao contraste com a realidade do êxodo venezuelano. Para se inscreverem, os eleitores tiveram que ir às embaixadas ou consulados entre 18 de março e 16 de abril, mas muitos enfrentaram dificuldades.
“Foram, me parece, quatro semanas, antes disso não fizeram uma campanha de comunicação para que as pessoas soubessem quais eram os requisitos que precisavam para se registrar e, além disso, cada país tinha algumas variações”, pontuou María de los Ángeles León, consultora de política.
O Observatório Eleitoral Venezuelano (OEV) afirmou que as autoridades impuseram obstáculos e regulamentos restritivos que impediram o registro de milhões de venezuelanos fora do país. “Tivemos que superar muitos obstáculos. E acho que é a principal razão pela qual tão poucos venezuelanos podem votar neste 28 de julho”, continuou León.
Leopoldo Rodríguez, estrategista de vendas e marketing e marido de Andreína Machado, conseguiu se cadastrar por ter residência permanente no México. “Foi bastante complicado porque era um único escritório atendendo muita gente, tinha gente que ficou mais de dez horas na fila tentando fazer o cadastro. Eu, na verdade, tive que ir dois dias, no segundo que consegui me cadastrar”, disse Rodríguez.
Apenas os venezuelanos com residência permanente poderiam registrar-se no Cartório do México, documento que só é emitido quatro anos depois de terem mantido residência temporária no país. “Muitas pessoas deixaram o país sem documentos suficientes e isso faz parte dos direitos que tentam defender”, complementou León. “Vou dar um exemplo, os Estados Unidos não tem embaixada, então toda a população venezuelana que está nos Estados Unidos é restringida, não pode votar”, continuou.
A Agência da ONU para os Refugiados estima que quase oito milhões de venezuelanos tenham fugido do país, mas apenas 69 mil poderão votar fora do país, o que representa 0,32% dos cadernos eleitorais, segundo dados do CNE. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos afirmou que a Venezuela deve garantir o direito de voto aos compatriotas residentes no exterior, sem distinção do seu estatuto de imigração.
Apesar dos obstáculos, o espírito democrático de Leopoldo e Andreína prevalece ao recordarem o apagão nacional de seis dias na Venezuela em 2019, um dos muitos motivos que os levaram a imigrar para o México há cinco anos. “Sentimos isso como um sinal de que não poderíamos nos desenvolver profissionalmente lá e foi como se fosse o último empurrão que sentimos para dizer, bem, talvez agora não seja a hora de continuar em nosso querido país, é hora de partir”, dividiu Machado.
As cabines de votação funcionarão das 6h às 18h e a votação no exterior é manual, em comparação com a Venezuela, de acordo com o CNE. “Os países são construídos em liberdade. E a liberdade é a última coisa de que devemos desistir. Acho muito importante ir à embaixada da Venezuela, onde quer que você esteja, fazer parte dela e apoiar as pessoas que poderão votar legalmente”, afirmou Rodríguez.