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O ex-policial militar Ronnie Lessa prestou depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (27), revelando que a motivação para o assassinato da vereadora Marielle Franco em janeiro de 2018 foi a ganância. Segundo Lessa, os valores prometidos para o crime chegaram a cerca de R$ 25 milhões, que seriam pagos em terrenos localizados no Tanque, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Durante a audiência, Lessa detalhou que os terrenos prometidos pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão totalizavam o valor estimado e seriam destinados a ele. Edmílson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, ficaria com outros R$ 25 milhões, enquanto os irmãos Brazão receberiam terrenos adjacentes. O ex-policial explicou que o local deveria ser preparado para instalação de água e descrito como a “Medelín da milícia” pelos irmãos Brazão.
Em seu depoimento, Lessa afirmou que estava em uma fase tranquila de sua vida e que sua decisão de cometer o crime foi impulsionada pela ilusão de riqueza e não por necessidade real. “Foi ganância mesmo. Uma ilusão danada”, declarou Lessa, refletindo sobre suas ações.
“Eu estava louco, encantado com os R$ 25 milhões que a gente ia ganhar. Era o preço pela morte da vereadora que seria o valor dos terrenos”, disse Lessa.
O depoimento de Lessa, que durou cinco horas, abordou também o papel dos irmãos Brazão na trama criminosa. Lessa revelou que se encontrou com Domingos e Chiquinho em três ocasiões: duas antes do assassinato e uma após o crime, onde observou Domingos Brazão nervoso e Chiquinho calado. Segundo ele, Brazão garantiu que a investigação não revelaria os culpados e mencionou a possibilidade de usar a influência de autoridades como o ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa.
Lessa também criticou a corrupção dentro das forças policiais, alegando que a propina era comum e que a Polícia Civil e Militar estavam “contaminadas há décadas”. Ele relatou que antes da digitalização dos processos, era comum que documentos desaparecessem das delegacias, e que o pagamento de propinas facilitava a ocultação de evidências.
O ex-policial será ouvido novamente nesta quarta-feira (28) por videoconferência, com a continuidade das perguntas pelo promotor Olavo Pezzoti e pelas defesas dos réus. O advogado de Lessa, Saulo Carvalho, solicitou que os demais réus não assistissem à sessão e fossem representados apenas por suas defesas.
Lessa é a décima testemunha de acusação no processo que investiga o assassinato de Marielle Franco. Os depoimentos começaram em 12 de agosto e ainda não há data para o encerramento. O próximo a depor será o ex-policial militar Élcio de Queiroz.