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Cerca de 100 mil pessoas, das quais 80% são sírias, fugiram do Líbano para a Síria devido aos ataques israelenses, um número que dobrou em apenas 2 dias. A informação foi divulgada pelo chefe do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), Filippo Grandi, nesta segunda-feira (30).
A reversão desse fluxo migratório ocorre em um contexto de guerra civil na Síria, que já dura 13 anos e resultou no deslocamento de mais de 12 milhões de pessoas, sendo 1,5 milhão delas para o Líbano.
O agravamento do conflito entre Israel e o Hezbollah, intensificado pela morte do líder do grupo terrorista libanês, Hassan Nasrallah, na última sexta, tem gerado um desespero crescente entre os civis, enquanto os bombardeios israelenses continuam.
Grandi alertou que o fluxo de saída persiste e destacou que o Acnur está presente em quatro pontos de passagem, colaborando com as autoridades locais e o Crescente Vermelho Sírio para apoiar os recém-chegados.
O porta-voz da Acnur, Matthew Saltmarsh, caracterizou os ataques no Líbano na semana passada como os mais intensos desde 2006, observando que alguns dos que fugiram apresentaram ferimentos.
A agência da ONU relatou que, na semana passada, seus colegas testemunharam uma mulher atravessando a fronteira com duas crianças mortas que ela planejava enterrar na Síria. O deslocamento em massa começou em 23 de setembro, e até sexta-feira, cerca de 30 mil pessoas haviam cruzado para a Síria, conforme informações do Acnur.
Dentre esses, aproximadamente 80% eram sírios e 20% libaneses. Gonzalo Vargas Llosa, representante do Acnur na Síria, destacou que a maioria dos deslocados são mulheres e crianças, com cerca de metade sendo crianças e adolescentes.
Ele também enfatizou que essas pessoas estão chegando a um país que enfrenta sua própria crise e violência, além de um colapso econômico, chegando exaustas, traumatizadas e necessitando urgentemente de ajuda.
O alto comissário revelou que mais de 200 mil pessoas estão deslocadas internamente na Síria. O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, estimou que até um milhão de pessoas possam ter sido deslocadas, caracterizando isso como um dos maiores movimentos de deslocamento na história do Líbano.
Israel ampliou seus ataques nos últimos dias para incluir o Líbano e a Faixa de Gaza, focando no Hezbollah, aliado regional do Irã. Na sexta-feira, um ataque israelense contra a região sul de Beirute, um dos redutos do Hezbollah, resultou na morte de Nasrallah.
O bombardeio atingiu prédios residenciais que, segundo os militares israelenses, abrigavam o quartel-general do grupo terrorista xiita. A operação “Nova Ordem” também resultou na morte do comandante da frente sul do movimento, Ali Karake, e de outros membros de destaque do Hezbollah, além de um general da Guarda Revolucionária do Irã, totalizando mais de 20 “terroristas” mortos, conforme comunicado do Exército.
Contudo, os ataques israelenses também vitimaram civis. Na última semana, bombardeios mataram mais de 700 pessoas no Líbano, incluindo 14 paramédicos em um intervalo de dois dias, conforme o Ministério da Saúde do Líbano. Desde 16 de setembro, o total de mortos chega a 1.030, incluindo 87 crianças.
O ministério informou que mais de 100 pessoas foram mortas em um ataque no domingo, com um ataque em Ain al-Delb, próximo a Sidon, resultando na destruição total de um prédio.
Nesta segunda, um ataque de drone atingiu um prédio no distrito de Cola, em Beirute, com um grupo armado palestino afirmando que três de seus membros foram mortos.
O Ministério da Saúde do Líbano confirmou o ataque, que matou quatro pessoas e feriu outras quatro, sendo o primeiro no centro da capital libanesa.
O ataque gerou pânico entre os moradores, como Mohammed al-Hoss, de 41 anos, que relatou que as crianças ficaram em choque após a destruição em sua casa. Ele expressou solidariedade a Gaza, mas ressaltou que o Líbano não pode suportar uma nova guerra.
O Hamas também informou que seu líder no Líbano, Fatah Sharif Abu al-Amine, foi morto em um ataque ao campo de refugiados de Al-Bass, no sul do Líbano, juntamente com sua esposa e dois filhos.
O exército israelense confirmou a “eliminação” de Sharif em um ataque, e seis socorristas do Hezbollah também perderam a vida em um ataque israelense nesta segunda, conforme relato do governo libanês.