O promotor de Lorient (Bretanha, oeste da França), Stéphane Kellenberger, explicou nesta segunda-feira à imprensa que Le Scouarnec abusou de seus pacientes em vários hospitais do noroeste da França. As vítimas, 158 homens e 141 mulheres, tinham uma média de idade de 11 anos, com 256 delas menores de 15 anos na época dos crimes. Dos casos, 111 são considerados estupros agravados, enquanto o restante são agressões sexuais agravadas, detalhou o promotor.
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A investigação do caso foi concluída em julho passado, e os envolvidos aguardam o anúncio da data definitiva para o início do processo, que deverá ocorrer em Vannes, no noroeste do país, na primeira metade de 2025. “Dada a sua importância, complexidade e o número de vítimas, este processo foi classificado como extraordinário pela direção dos serviços judiciais do Ministério da Justiça”, afirmou Kellenberger.
Vinte anos de prisão após 30 anos de impunidade
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Descrito como um indivíduo de “personalidade atípica” pelos investigadores, Le Scouarnec, de 72 anos, enfrenta uma possível sentença de 20 anos de prisão, que se somaria a uma condenação anterior de 15 anos pelo estupro da filha de vizinhos em 2020. Durante os interrogatórios, o cirurgião admitiu grande parte dos crimes e detalhou seu ‘modus operandi’, assim como as estratégias que usou durante 30 anos para evitar ser descoberto. “Na casa de Joël Le Scouarnec foram encontrados cadernos que descrevem coisas absolutamente abomináveis”, explicou o promotor.
Sua atividade passou despercebida até 2004, quando o FBI alertou as autoridades francesas de que o cirurgião havia usado seu cartão de crédito para adquirir material pornográfico infantil. Ele foi condenado a quatro meses de prisão, sem suspensão do exercício da profissão, um ano depois. Diante da sentença, sua esposa se afastou, mas nunca chegou a se divorciar. Nos cadernos apreendidos pela polícia, o cirurgião afirma que ela sabia dos crimes desde, pelo menos, 1996.
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Ele voltou a ser denunciado em 2006 ao conselho departamental de médicos em Finisterra por um de seus colegas, mas o órgão não tomou medidas para afastá-lo de pacientes menores de idade. O homem continuou agindo de forma impune até 2017, quando uma vizinha o denunciou por agredir sua filha de 6 anos, o que resultou em uma condenação de 15 anos de prisão. Na busca realizada em sua casa, a polícia encontrou milhares de arquivos de abusos sexuais, incluindo 300 mil fotos e vídeos de pornografia infantil.
Além das investigações contra o cirurgião, Kellenberger também abriu um inquérito criminal por possível conivência dos serviços hospitalares em que ele trabalhou, que não tomaram nenhuma medida contra ele.
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*Com informações da EFE