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Justiça seja feita, Jair Bolsonaro tem o indesmentível poder de colocar em debate temas que até bem pouco tempo eram “proibidos” pelos impulsionadores de agendas – corporações, ONGs, partidos políticos -, com o beneplácito da mídia:
armas, trabalho infantil, histeria ambiental, leis de incentivo à cultura, legislação trabalhista, Foro de São Paulo, entre tantos outros.
Porém, por não fazer a lição de casa, por não ter se preparado para o debate acerca desses e outros assuntos, por não conhecer dados, números, estudos, por não ter aprimorado o discurso (basicamente se comunicando da mesma forma de quando era um histriônico deputado do baixo clero), o presidente acaba tendo suas ideias refutadas de forma maciça e, com constância, arrisca-se a desmoralizar os temas.
É um dos grandes riscos da aposta feita pela maioria dos eleitores brasileiros que compareceram às urnas no ano passado: um homem “corajoso”, declarada e radicalmente contrário às ideias impostas pela esquerda durante tanto tempo, mas despreparado para a exaustiva missão de presidir o país.
Palavrório vazio é coisa que você e eu podemos usar; assim como o taxista, o porteiro do prédio e aquele seu tio piadista que você só encontra no Natal.
Mas do presidente da república espera-se mais.
Todavia, como este colunista está decidido a enxergar e divulgar tudo o que de melhor existe no atual governo do Brasil, peço que voltem o olhar ao discreto secretário especial de trabalho e previdência, Rogério Marinho.
Político de pouca expressão no cenário nacional (foram apenas dois mandatos não consecutivos como deputado federal), o potiguar filiado ao PSDB foi um dos autores e talvez o principal articulador da reestruturação da Previdência Social, que brevemente será votada em segundo turno pela Câmara, para depois seguir para o Senado.
No currículo, tem a relatoria da reforma trabalhista aprovada durante o governo Temer; e é na complementação dessa mesma reforma que o secretário prepara-se para mais uma duríssima batalha: a revisão e modernização das normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho, as chamadas “NRs” – um cipoal de regras e regulamentos que atingem empresas de todos os portes, alguns inusitados, grande parte deles anacrônicos, bizarros:
e que podem gerar ao empregador um total de 6.900 autuações diferentes, que vão desde a velocidade em que deve trabalhar um ar condicionado, até regulamentações a respeito de banheiros, passando por definições esdrúxulas de insalubridade.
As discussões a respeito do tema ganharão força nas próximas semanas e vocês podem se preparar para a previsível guerra de narrativas que se dará por meio da imprensa:
acusarão o governo Bolsonaro de “desprezar a segurança no trabalho”, de não se importar com as condições de “saúde do trabalhador” e até de flertar com a legalização do “trabalho escravo”.
A pautar a imprensa estarão, obviamente, os partidos de esquerda; mas muito mais – e de forma bem mais discreta que esses – atuarão corporações incrustadas dentro da máquina do Estado: a Justiça do Trabalho e, principalmente, o Ministério Público do Trabalho.
Fiquem atentos: essa briga está para começar.
Atuando no segundo escalão do governo – é subordinado ao ministro Paulo Guedes -, Rogério Marinho é cotado para assumir uma posição de maior destaque nos próximos tempos: reconhecido por sua grande capacidade de articulação, tem perfil para a Casa Civil, ministério em que Onyx Lorenzoni aparentemente já teve mais prestígio.
Mas torçamos para que, antes disso, ganhe para nós – o Brasil que produz – mais essa batalha, fundamental para simplificar a abertura e a operação de empresas, gerar emprego e renda e destravar a economia do país.