Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Telegram: [link do Telegram]
WhatsApp: [link do WhatsApp]
Em uma agremiação partidária dividida, em que o governador João Doria tenta aumentar seu poder em nível nacional, enfrentando as lideranças mais tradicionais, o prefeito de São Paulo parece ser o único ponto de união:
diversas reportagens ao longo da semana mencionaram que é grande a pressão dentro do PSDB, por parte tanto do grupo de Doria, quanto da velha guarda do partido, para que Bruno Covas desista de se candidatar à reeleição em 2020.
Embora o governador tenha desmentido e afirmado que Covas é seu “único candidato” à prefeitura da capital, é natural imaginar que tal retórica possa mudar ao longo dos próximos meses: a vitória de um aliado na principal cidade do Brasil é vista como fundamental às pretensões de João Doria lançar-se candidato à Presidência da República em 2022.
Com uma administração até aqui mal avaliada, as chances de reeleição do atual prefeito são vistas dentro do partido como remotas.
Um ano e meio após ter assumido o cargo depois da renúncia de Doria, Covas obteve nesse período pelo menos uma grande vitória: a reforma da previdência municipal, com a qual comprou briga com os servidores, mas aliviou os cofres da cidade.
Contudo, sua gestão não empolga.
Ao contrário de Doria, que fez de seu curto período à frente do executivo municipal uma espécie de reality show, Covas é muito discreto: característica que deveria ser vista como excepcional qualidade em um governante, fosse este aqui um lugar de gente madura e não um país em que a política é tratada como uma permanente guerra.
Fiel a seu estilo, perguntado a respeito, o prefeito desconversou: qualificou as notícias como “fofocas” e que está, no momento, preocupado exclusivamente em “prefeitar”.
Neto de um dos fundadores e militante do partido desde a adolescência – gosta de dizer que, quando nasceu, não foi trazido pela cegonha, mas sim por um tucano -, Bruno Covas, 39, tinha a prefeitura da capital como grande objetivo da carreira já há muito tempo:
já em 2011 articulava para lançar-se candidato nas eleições do ano seguinte, plano que acabou frustrado pelos caciques do partido, que preferiram apostar em José Serra – que seria derrotado por Fernando Haddad.
Escolhido para vice na chapa de Doria, acabou herdando o cargo; e, numa gestão confusa, com inúmeras trocas no secretariado – algumas aparentemente apenas para acomodação de interesses políticos – e em um momento de penúria econômica, não conseguiu, pelo menos até o momento, imprimir na cidade uma única marca pessoal.
Para os moradores de São Paulo, seria até muito bom que Bruno Covas tirasse de seus planos a reeleição e se concentrasse na cidade: mesmo porque, ao contrário de seu antecessor, que usou a cidade como mero trampolim, ele quis ser prefeito.
Então, que seja.
Ainda há tempo.