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O mundo tremeu essa semana: a passagem pela ONU da garotinha sueca que decorou direitinho o discurso oficial a respeito do tal do aquecimento global foi tão exagerado e grotesco que, como não poderia deixar de ser, gerou muitas críticas e muitas especulações a respeito de quem a assessora (treina, manipula, financia).
Gerou também uma onda de vergonha alheia até mesmo entre os entusiastas – na internet, na imprensa – das teorias por ela defendidas e do formato de ativismo por ela protagonizado: alguns até tentaram disfarçar, reforçando o quanto a admiram e o quanto a levam a sério – mas falharam miseravelmente.
A cena na TV Bandeirantes, em que a jornalista Marina Machado finge um gigantesco espanto por saber que o colega Luis Ernesto Lacombe não vive na mesma bolha que ela, tornou-se um emblema – e foi compartilhada milhares de vezes:
O fato é que a credibilidade do pequeno oráculo de bochechinhas rosadas foi severamente afetada; certamente seus assessores (treinadores, manipuladores, financiadores) não contavam que sua fala hiperbolizada, entrecortada por grunhidos e emoldurada por dentes rangendo lhes mostrasse um fato inacreditável: ainda há gente adulta no mundo!
E mesmo que o evento “aquecimento global” conte com a maior assessoria de imprensa da história e com uma propagandista supostamente tão insuspeita, pessoas adultas ainda pensam com as próprias cabeças.
Ontem, quinta-feira, previsivelmente, veio o contra-ataque: era necessário salvar o produto Greta – e Greta novamente pautou todos os noticiários. Aqui, em terras brazucas, a imprensa, cem por cento engajada à causa aquecimentista, aproveitou para matar dois coelhos com uma cajadada (e eu antecipadamente peço perdão por usar essa terrível e antiecológica expressão popular; desculpe, Greta!);
pegou para Cristo o deputado Eduardo Bolsonaro, que fez o que milhares de pessoas na internet fizeram: compartilhou um MEME.
Se você é um tiozão ou uma tiazinha do zap, conheceu a internet no ano passado e não sabe o que é “meme” (essa expressão quase intraduzível), eu explico que trata-se de um conceito de imagem (foto, vídeo, animação) com conteúdo autoexplicativo e quase sempre humorístico, que se espalha facilmente pela internet: meme é uma piada visual.
No caso, a piada era contrapor a garota bem nascida e bem criada, que viaja pelo mundo berrando que roubaram-lhe os sonhos e a infância, à crianças miseráveis, essas sim, sem direito a sonhar.
É uma montagem de duas fotos: e não foi o Eduardo que fez! Isso já circulava pelo Twitter desde segunda-feira e o zero-três apenas a compartilhou. Quando, na noite de quarta-feira, o jornal O Globo publicou um tweet dizendo que eles haviam checado (!) a imagem e que a mesma era falsa (!!), quem estava online caiu na gargalhada:
— Ah, não diga!
— Jura?
— Estão checando memes?!
Na quinta, todos entendemos que eles aproveitaram a operação salva-Greta para dar uma esculachada no deputado, em um tom infantilizado, “olha, que feio, ele quer ser embaixador, vai passar por sabatina no Senado e fica compartilhando notícia falsa“.
Ok, verdade seja dita: com exceção do presidente e de meia dúzia de governistas histéricos, ninguém quer que o Eduardo Bolsonaro seja embaixador nos Estados Unidos; mas se agora a imprensa que se considera “profissional” for confundir os conceitos de “notícia falsa” com o de humor, estamos perdidos: porque praticamente todo humor se baseia em falsear, aumentar ou distorcer a realidade.
E como o brasileiro é, antes de tudo, um fanfarrão, inúmeras variações da mesma piada brotaram na internet – e nós estamos aguardando que os jornalões “chequem” uma por uma para informar a nós, abobalhados, quais são verdadeiras e quais são “fake news”.
Muito se fala e pouco se prova a respeito da estudante Greta Thunberg; o óbvio é que a garota foi transformada em uma espécie de emblema, na medida para envolver pessoas da idade dela (ou menos) na causa defendida. Críticas a esse fato (e não a ela) são tomadas como “ofensa” por quem a tem como ícone planetário de algo muito sério:
há quem acuse “machismo” (?) ou aponte uma suposta crueldade em se criticar uma adolescente portadora de uma condição especial (síndrome de Asperger, uma variação atenuada do autismo) – mas a crueldade não estaria justamente em expor essa menina a essa avalanche midiática?
Muito se fala também sobre o “produto Greta” estar sendo patrocinado pelo investidor húngaro George Soros, notório por seu apoio à causas “progressistas” ao redor do mundo – mas nenhuma fonte confirma tal fato. Mais palatável é o rumor que a Open Society, fundação de Soros, é financiadora do Green Youth, organização ligada ao Partido Verde Alemão, a qual é filiada a ativista Luisa-Marie Neubauer, tida como “treinadora” de Greta e organizadora das greves estudantis que a fizeram célebre.
É possível que Greta seja um pouco afastada dos holofotes após a quixotesca aparição do início dessa semana; talvez só voltemos a vê-la daqui algum tempo, repaginada e mais madura. Talvez invistam em outra criança ou em outro tipo de propaganda:
é possível discutir longamente sobre o dito “aquecimento global”, mas ninguém, por mais “crente” que seja, pode negar que há muito dinheiro investido e enormes interesses envolvidos nesse gigantesco esforço midiático em favor dessa, digamos, causa.
Ainda ouviremos falar muito de tudo isso.
Mas não permitamos que envolvam esse assunto num véu de sacralidade e criminalizem o humor:
eles podem até ter George Soros;
nós, brasileiros, só temos nossa boa e velha esculhambação.
Nós temos memes.