Falando a respeito da reação das pessoas nas redes sociais diante da revelação de que Rodrigo Janot por muito pouco não assassinou Gilmar Mendes, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mostrou-se muito chocado:
segundo ele, nada pode justificar que o povo brasileiro tenha tanto ódio das “instituições”; alguém deve estar pagando por isso.
Agora ele vai tomar o caso como mais um argumento em favor da CPMI das Fake News, que pretende instaurar em breve.
— Quero conversar com o Davi Alcolumbre para pedir que a CPMI seja organizada, para que a gente consiga obter, de fato, informações sobre esse mundo que viraliza o ódio às instituições – disse Maia.
Alguém precisa colocar o Rodrigo Maia – também conhecido por “Botafogo” em alguns ambientes – em contato com a realidade;
só para ficar em alguns eventos recentíssimos, o parlamento brasileiro acaba de aprovar um pacote de medidas feito sob medida para facilitar a vida de criminosos e intimidar a atuação de juízes e procuradores; quase simultaneamente, nos enfia goela abaixo novas regras para uso das indecentes quantias arrancadas de nossos bolsos e usada para pagar os gastos de suas campanhas políticas;
ao mesmo tempo, o STF se consolida como tábua de salvação de bandidos, sempre atuando no sentido de amolecer as regras e desfazer tudo o que os abnegados da Operação Lava Jato levaram anos para conseguir;
tudo isso, sob a complacência de um presidente fraco, nitidamente dominado, subjugado pelas hienas do legislativo e do judiciário, muito mais preocupado e arrumar a vida dos filhos e em distribuir bravatas ideológicas mundo afora do que em enfrentar o “establishment” – algo que ele passou anos prometendo fazer, mas aparentemente já mudou de ideia.
O brasileiro tem motivos sobrando para sentir e manifestar “ódio às instituições” porque não se sente minimamente representado ou protegido por elas;
e alguns, mais exaltados, personagens típicos desse momento em que quase todo mundo se sente “revolucionário” (e nisso o bolsonarismo tem grande parcela de culpa), não escondem que gostariam de ver cenas de sangue e lamentaram que Janot não tenha tido coragem de apertar o gatilho.
Ninguém precisa “financiar” a raiva do brasileiro: mesmo porque, ao contrário dessas figuras detestáveis que nos custam bilhões, sentir raiva ainda é de graça.
Pelo menos por enquanto.