Agência Senado – Quase 35 milhões de pessoas no Brasil vivem sem água tratada e cerca de 100 milhões não têm acesso à coleta de esgoto, resultando em doenças que poderiam ser evitadas, e que podem levar à morte por contaminação. Esse é o cenário quase dois anos depois de entrar em vigor o Novo Marco Legal do Saneamento, sancionado na Lei 14.026 de 2020, quando os investimentos no setor atingiram R$ 13,7 bilhões — valor insuficiente para que sejam cumpridas as metas da legislação atualizada.
Somente 50% do volume de esgoto do país recebe tratamento, o que equivale a mais de 5,3 mil piscinas olímpicas de esgoto in natura sendo despejadas diariamente na natureza. Municípios dos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais ocupam as primeiras posições do ranking, liderados por Santos (SP). Entre os 20 piores estão municípios da região Norte, alguns do Nordeste e Rio de Janeiro. A última posição é ocupada por Macapá (AP).
Os dados constam da 14ª edição do Ranking do Saneamento, publicado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, com foco nos 100 maiores municípios brasileiros. Divulgado na terça-feira (22), quando se comemorou o Dia Mundial da Água, o relatório faz uma análise dos indicadores de 2020 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), publicado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. O estudo busca mostrar quais são os desafios que o Brasil ainda enfrenta para cumprir com os compromissos nacionais e internacionais em água tratada, coleta e tratamento de esgoto.
Ao comparar as 20 melhores cidades do ranking contra as 20 piores, o estudo aponta diferenças nos indicadores de acesso. Enquanto 99,07% da população das 20 melhores têm acesso a redes de água potável, 82,52% da população dos 20 piores municípios têm esse serviço.
O estudo também aponta discrepância na porcentagem da população com rede de coleta de esgoto: 95,52% da população nos 20 melhores municípios têm os serviços; enquanto somente 31,78% dos moradores nos 20 piores municípios são abastecidos com a coleta do esgoto.
20 municípios com maior percentual da população atendida por redes de água e esgoto |
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Município | UF | % da população com acesso a água | % da população com acesso a esgoto |
Santos | SP | 100 | 99,93 |
Uberlândia | MG | 100 | 98,22 |
São José dos Pinhais | PR | 99,99 | 81,96 |
São Paulo | SP | 99,3 | 96,3 |
Franca | SP | 100 | 99,6 |
Limeira | SP | 97,02 | 97,02 |
Piracicaba | SP | 100 | 100 |
Cascavel | PR | 99,99 | 99,99 |
São José do Rio Preto | SP | 96,03 | 93,49 |
Maringá | PR | 99,99 | 99,98 |
Ponta Grossa | PR | 99,99 | 99,98 |
Curitiba | PR | 100 | 99,98 |
Vitória da Conquista | BA | 97,66 | 82,96 |
Suzano | SP | 100 | 93,09 |
Brasília | DF | 99 | 90,9 |
Campina Grande | PB | 99,73 | 91,98 |
Taubaté | SP | 100 | 99,7 |
Londrina | PR | 99,99 | 99,98 |
Goiânia | GO | 99,07 | 92,71 |
Montes Claros | MG | 83,71 | 84,92 |
20 municípios com menor percentual da população atendida por redes de água e esgoto |
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Município | UF | % da população com acesso a água | % da população com acesso a esgoto |
Macapá | AP | 37,56 | 10,78 |
Porto Velho | RO | 32,87 | 5,88 |
Santarém | PA | 50,9 | 4,14 |
Rio Branco | AC | 53,16 | 21,29 |
Belém | PA | 73,41 | 17,14 |
Ananindeua | PA | 33,8 | 30,18 |
São Gonçalo | RJ | 90,12 | 33,49 |
Várzea Grande | MT | 96,71 | 29,88 |
Gravataí | RS | 95,24 | 38,17 |
Maceió | AL | 89,61 | 43,03 |
Duque de Caxias | RJ | 88,72 | 37,47 |
Manaus | AM | 97,5 | 21,95 |
Jaboatão dos Guararapes | PE | 79,76 | 21,78 |
São João do Meriti | RJ | 100 | 60,38 |
Cariacica | ES | 84,67 | 34,69 |
São Luís | MA | 85,73 | 49,78 |
Teresina | PI | 96,23 | 35,74 |
Recife | PE | 89,45 | 44,01 |
Belford Roxo | RJ | 100 | 43,23 |
Canoas | RS | 100 | 46,66 |
Fonte: 14ª edição do Ranking do Saneamento, do Instituto Trata Brasil, com base em informações do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS)