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Segunda escola a desfilar no Anhembi neste sábado (22), a Gaviões da Fiel vai tratar da luta contra o racismo, o fascismo e as opressões na sua apresentação. A escola de samba também terá um ‘Bolsonaro gay’, que estava sendo guardado em segredo.
O ‘Bolsonaro gay’ será interpretado pelo carioca Londres Neandro Ferreira e faz parte da ala “Governantes e Generais”.
“Vou vir como um Bolsonaro bem gay, bichíssima, dando muita pinta”, disse o hair designer ao site F5.
Neandro prometeu ao site levantar, em plena avenida, “e mais de uma vez” uma plaquinha com os dizeres “Fora Bolsonaro”.
O papel do carioca no desfile é coerente com o que foi apresentado pela escola ao anunciar a sinopse do enredo “Basta!”. A Gaviões da Fiel prometeu promover “um levante com ímpeto subversivo” e “antifascista” no sambódromo.
O samba tem Marcelo Adnet entre os compositores, e sua letra cita episódios de racismo e violações dos direitos humanos. Traz também referências a nomes importantes, como o ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, e o Cacique Raoni.
Adnet foi o compositor do samba-protesto “O Conto do Vigário”, que a escola carioca São Clemente desfilou na Sapucaí em 2020, quando também interpretou Bolsonaro no alto de um carro.
Ele chegou a fazer desajeitadas flexões e bater continência, atos e gestos do presidente.
Na versão que a Gaviões mostrará em seu desfile, Bolsonaro estará acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, interpretada pela cabeleireira Gisele Porto, de Brasilândia (zona norte de São Paulo).
“Ela vai ser muito bem tratada, reverenciada e cortejada pelo presidente que vou interpretar”, diz Neandro.
“Vou fazer tudo exatamente ao contrário da maneira como ele faz. É realmente um manifesto contra o machismo, o fascismo e o preconceito”, diz o cabeleireiro, que teve entre seus clientes a cantora islandesa Björk, o estilista britânico Alexander McQueen (1969-2010) e atrizes como Maria Fernanda Cândido, Alessandra Negrini, Andréia Horta e Camila Queiroz.
CONFIRA LETRA DO SAMBA-ENREDO:
“Sou eu….
O filho dessa pátria-mãe hostil
Herdeiro da senzala Brasil
Refém da maculada inquisição
Axé meu irmão!
O pai de mais um João e de mais um Miguel
Na mira da cega justiça
Que enxerga o negro como réu
Sou eu o clamor da favela
O canto da aldeia, a fome do gueto
Meu punho é luz de Mandela
No samba o levante do novo Soweto
Cacique Raoni da minha gente
Guerreiro GAVIÃO, presente!
Essa terra é de quem tem mais
Conquistada através da dor
As migalhas que você me oferece
Só aumentam minha força pra mostrar o meu valor
Meu lugar de fala, a voz destemida
Cabeça erguida por nossos direitos
Quando o fascismo do asfalto
É opressor à militância por respeito
O ventre das mazelas sociais
Ante ao preconceito vai se libertar
Vidas negras nos importam
O grito da mulher não vão calar
Meu Gavião chegou o dia da revolução
Onde a democracia desse meu Brasil
Faça o amor cantar mais alto que o fuzil
Escute o meu clamor
Oh pátria amada
É hora da luta sair do papel
Basta é o grito que embala o povo
Eu sou Gaviões, sou a voz da Fiel”