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A Polícia Federal realizou nq terça-feira (26) uma operação para investigar a contratação de uma empresa para o fornecimento de 300 ventiladores pulmonares pelo Consórcio Nordeste, grupo que reúne os governadores da região. As compras teriam ocorrido em abril de 2020. Um dos alvos de busca e apreensão foi o ex-secretário da Casa Civil do governo da Bahia Bruno Dauster, que atuou no negócio.
Segundo a PF, o processo de aquisição contou com diversas irregularidades, como o pagamento antecipado do valor integral dos aparelhos, cerca de R$ 48 milhões para uma microempresa de importação de produtos à base de maconha, a Hempcare, sem que houvesse no contrato qualquer tipo de garantia contra eventual inadimplência por parte da empresa contratada
O governador da Bahia Rui Costa (PT, presidente do consórcio à época dos fatos, é investigado por ter dado autorização à aquisição dos aparelhos, que nunca foram entregues. Hemp em inglês é maconha. Care é cuidado.
A revista Veja teve acesso ao depoimento de Rui Costa.
Segundo o veículo, a delegada federal Luciana Caires perguntou ao petista, se não chamou a atenção dele, quando foi assinar o contrato com a Hempcare, que a empresa contratada para fornecer ventiladores pulmonares era uma empresa especializada em vender medicamento à base de maconha. “Não. Confesso que não e lá tinha representantes de produtos farmacêuticos. Estava essa denominação da empresa e não me chamou a atenção, no momento, pelo nome, até porque eu não tenho pleno domínio da língua inglesa. Portanto, eu não domino”, disse o governador.
Outra pergunta da delegada a Rui Costa é que o pagamento à Hempcare foi feito antes de ele assinar o contrato com a empresa. “O senhor tinha conhecimento disso?”, indagou a delegada. “Não. Tô tendo conhecimento disso agora”, afirmou Rui Costa. A delegada insistiu que o então secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, alvo da Operação da Polícia Federal, afirmara que Rui Costa acompanhava essas questões de perto. “Nesse episódio, não. De pagamento ser feito antes de eu assinar o contrato? Em hipótese nenhuma”, afirmou o governador.
Ainda de acordo com a revista, a delegada perguntou ao governador por que o contrato com a Hempcare não constava do Portal da Transparência do Estado, sendo que contratos firmados posteriormente ao da empresa de produtos de maconha já constavam do mesmo Portal. “O senhor pode esclarecer por que esse contrato não foi publicizado na época?”, perguntou a delegada. “Não sei. Eu não olho todos os dias o Portal e não sei o que lançam. Isso não é função do governador”, respondeu Rui Costa.
O petista foi questionado sobre sua relação com Cleber Isaac, outro alvo da operação da Polícia Federal, intermediário da fraude da compra dos respiradores entre o governo da Bahia e a Hempcare. Rui Costa respondeu: “Nenhuma relação, nem familiar, nem pessoal, nem profissional. Eu conheço ele como conheço milhares de outras pessoas”. A delegada perguntou se os dois não estariam juntos no gabinete do governador caso ela analisasse os sinais de celulares. “Este ano não. A última vez que ele teve, não lembro se no meu gabinete ou em Ondina, foi para me entregar um currículo, dizendo que estava querendo entrar no mercado de trabalho”, disse Rui Costa.
A delegada insistiu e deu sinais de que a Polícia Federal tem provas concretas do encontro do governador com Cleber Isaac: “Foi porque a gente analisou um aparelho de celular de uma das pessoas investigadas e nele consta o registro de que o senhor teria se encontrado, de que ele teria se encontrado com o senhor e teria conversado com o senhor sobre a aquisição de ventiladores mecânicos nacionais”. Rui Costa respondeu: “É mentira. Não é verdade”.