A Polícia Federal (PF) intimou o CEO da Empiricus, Felipe Miranda, a prestar depoimento como investigado no inquérito que apura a autoria de um vídeo que circulou nas redes sociais com acusações contra o TradersClub (TC), concorrente no mercado financeiro.
A informação é do site Metrópoles. A intimação foi determinada pelo delegado da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal em São Paulo, no dia 17 de novembro.
A decisão ocorreu após o Metrópoles divulgar um áudio de uma ligação feita em outubro do ano passado, na qual Felipe Miranda tenta convencer uma ex-funcionária do TC a tornar público um suposto caso de “estupro coletivo” que envolveria executivos da empresa.
O material foi enviado pelo TC à PF no mês passado, como elemento de prova da acusação de que o CEO da Empiricus estaria por trás do vídeo, que acabou derrubando ações da companhia em 44%, provocando um prejuízo estimado em R$ 1 bilhão em valor de mercado.
De acordo com o site, a TC também anexou prints de mensagens que Miranda enviou à ex-colaboradora do TC oferecendo um emprego a ela e, depois, propondo uma conversa antes do depoimento que ele prestaria no mês passado à CVM, no âmbito de uma investigação sobre manipulação do mercado.
À Polícia Federal (PF), a companhia pediu uma série de medidas cautelares, incluindo a prisão preventiva de Miranda.
Em uma petição enviada ao Ministério Público Federal (MPF), os advogados de Miranda confirmaram que o CEO da Empiricus procurou a ex-funcionária do TC em mais de uma ocasião.
Porém, eles negaram na petição qualquer tentativa de interferência do CEO na investigação sobre o vídeo que derrubou as ações da concorrente.
O diálogo ocorreu 2 dias após Miranda publicar um relatório instruindo investidores a apostarem na queda das ações do TC e 8 meses antes da divulgação de um vídeo, no qual uma mulher anônima, maquiada de palhaça, faz acusações contra o TC, incluindo a suspeita sobre um “estupro coletivo” na sede da empresa.
Na petição enviada ao MPF, a defesa de Miranda afirma que ele “jamais realizou qualquer conduta apta a ensejar medida cautelar em seu detrimento” e se colocou à disposição para colaborar com a investigação da PF.
Ao site Metrópoles, o CEO negou ter qualquer ligação com o vídeo da palhaça que fez acusações contra o TC.
No documento, o advogado afirma que Miranda contatou a ex-funcionária do TC por telefone “com o escopo de se proteger de ameaças que vinha sofrendo”, após a publicação do relatório contra a empresa concorrente.
Também para “apurar informações que circulavam no mercado, diretamente com a fonte original, a respeito de fatos graves que teriam lhe vitimado, prestando, à vítima, toda a solidariedade e assistência expectável, dada a sensibilidade do assunto”.
Ainda de acordo com a defesa, o CEO ofereceu emprego à ex-funcionária do TC “visando lhe. propiciar um ‘recomeço’ no mercado” e a procurou novamente em setembro deste ano, após ser intimado a depor pela CVM, “por questão de lealdade e transparência”, uma vez que “poderia vir a ser questionado a respeito de supostas práticas ilícitas que vitimaram a ex-colaboradora do TC”.