Uma passageira identificada como Samantha, foi expulsa de um voo da Gol que ia de Salvador para São Paulo na noite desta sexta-feira (28). A companhia aérea diz que está apurando detalhes do caso, mas afirma que a cliente não aceitou colocar sua bagagem “nos locais corretos e seguros”.
Uma testemunha fala em racismo. Imagens que circulam nas redes sociais mostram a passageira Samantha Vitena questionando, dentro da aeronave, a abordagem de três homens da Polícia Federal.
No vídeo, é possível ver quando a passageira questiona o motivo pelo qual deveria sair do avião, e um dos policiais responde: “Estou lhe retirando da aeronave por determinação do comandante”. Em seguida, outro agente diz que o piloto alegou que ela precisaria sair por “questões de segurança”.
A passageira explica que tentou colocar sua mochila — conforme recomendação da companhia aérea — no bagageiro de cima por ter objetos eletrônicos. Como o voo estava lotado, Samantha teve dificuldades em achar um espaço para sua mala. Segundo ela, nenhum comissário de bordo se prontificou a ajudá-la, apenas dois passageiros.
No Instagram, jornalista Elaine Hazin –que estava no mesmo voo– publicou um registro do ocorrido. Ainda de acordo com a testemunha, a passageira foi ignorada por comissários quando precisou de lugar para guardar sua mochila no bagageiro dentro do avião. Em seguida, como Samantha não encontrou lugar para a mochila, a tripulação pediu que ela fosse despachada, mas a passageira se negou a despachar, devido ao risco de dano ao seu computador, que estava lá dentro.
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Eis a íntegra da nota da Gol
“A GOL informa que, durante o embarque do voo G3 1575 (Salvador-Congonhas), havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos Clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma Cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo.
Lamentamos os transtornos causados aos Clientes, mas reforçamos que, por medidas de Segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A Companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a GOL e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso.”
A PF reafirmou a versão da Gol.
“A Polícia Federal informa que foi acionada nesta sexta-feira (28/4) pela companhia Gol, no aeroporto de Salvador/BA, para efetuar o desembarque de passageira que não teria acatado as ordens do comandante do voo nº1575, referentes à segurança de acomodação de bagagens
“Ressalta-se que, de acordo com a Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986, o comandante exerce autoridade desde o momento em que se apresenta para o voo até o momento em que entrega a aeronave, tendo autonomia para solicitar apoio da Polícia Federal.
“A passageira foi ouvida pela Polícia Federal e liberada em seguida. As circunstâncias do fato estão sendo apuradas.”.
Nas redes sociais, o Ministério das Mulheres se pronunciou sobre o caso ao relatar que o caso contra Samantha Vitena “demonstra o racismo e a misoginia que atingem de forma estrutural as mulheres negras em nosso país”.
Eis a íntegra da nota do Ministério das Mulheres:
O episódio contra Samantha Vitena em um voo de Salvador na madrugada deste sábado demonstra o racismo e a misoginia que atingem de forma estrutural as mulheres negras em nosso país.
Ela foi retirada da aeronave por três homens da Polícia Federal cerca de uma hora depois de o problema da bagagem ter sido resolvido, conforme seu relato e o de testemunhas.
A cena é uma afronta a Samantha e a todas as mulheres negras. Pediremos providências à companhia aérea e à PF, que devem desculpas e explicações após a abordagem.