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Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul realizaram coleta de 92 amostras de água das enchentes na região metropolitana de Porto Alegre, incluindo a capital, Gravataí e Eldorado do Sul, entre os dias 8 e 11 de maio. Os resultados revelaram altos índices de bactérias, principalmente da leptospira, associada à leptospirose.
Até o momento, quatro mortes relacionadas à doença foram confirmadas no estado, com 124 casos confirmados e 714 em análise. O aumento expressivo de casos foi observado em unidades de saúde da capital, onde a média mensal de casos saltou de cinco para 63 em maio, com mais de 50 aguardando confirmação por exames.
O nível das águas do Guaíba permanece acima dos 4 metros e a Lagoa dos Patos aumentou mais de 40 cm. Salatiel Wohlmuth da Silva, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, destacou que várias análises apontaram parâmetros fora dos índices de qualidade da água.
A professora Ilma Brum, do Departamento de Fisiologia e diretora do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da UFRGS, enfatizou que a propagação rápida da leptospira pode resultar em aumento contínuo de casos, mesmo após o recuo das inundações, devido à concentração de contaminação na lama.
Além da leptospira, foram identificados altos índices de outras bactérias, como a E.coli, que pode causar diarreia. Daniel Fontana Pedrollo, chefe da emergência do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, mencionou o aumento de casos de gastroenterite, síndromes febris e infecções virais, além de infecções de pele devido à exposição prolongada à água.
Os pesquisadores da UFRGS destacaram a relação direta entre os altos índices de contaminação e o transbordamento de estações de esgoto, especialmente após as águas do Guaíba ultrapassarem 5,3 metros. A interrupção de funcionamento de estações de tratamento de esgoto e o entupimento das redes de escoamento contribuem para a manutenção das águas contaminadas na superfície.
O diretor-geral do Departamento Municipal de Águas e Esgoto de Porto Alegre, Maurício Loss, mencionou os desafios na recuperação dos motores das estações de tratamento e a expectativa de retomar o pleno funcionamento do sistema em aproximadamente 10 a 15 dias.
O estudo também identificou a presença de diferentes tipos de vírus, incluindo o SARS-Covid-2, responsável pela Covid-19, e os vírus das hepatites A e E. Em resposta, o Ministério da Saúde anunciou o envio de uma equipe ao Rio Grande do Sul para colaborar na definição de estratégias de prevenção e controle de doenças transmitidas por águas contaminadas.