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Por 24 anos, a estiagem e a seca foram os desastres climatológicos que mais impactaram e causaram prejuízos no Brasil. Entre 2000 e 2023, esses fenômenos geraram danos de pelo menos R$ 359 bilhões no setor privado e de R$ 32 bilhões na área pública, totalizando R$ 391 bilhões, além de afetar 110 milhões de pessoas, segundo levantamento feito pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. O prejuízo anual pela falta de chuva é estimado em R$ 16 bilhões. Rio Grande do Sul, Ceará, Mato Grosso, Bahia e Paraíba estão entre os estados mais afetados.
O levantamento mostra que, no setor privado, a agricultura foi a área com maiores prejuízos, chegando a R$ 258 bilhões no período. Ainda no agronegócio, a pecuária também registrou danos consideráveis, com R$ 84 bilhões. No Brasil, o setor representa aproximadamente 25% do PIB (Produto Interno Bruto) — a soma de todos os bens e serviços finais produzidos pelo país.
Em relação ao prejuízo público, o abastecimento de água foi o mais afetado, registrando um rombo de R$ 30 bilhões, o equivalente a 94,44% de todo o dano do governo. Em alguns anos, o levantamento não incluiu informações de todos os estados, o que significa que podem existir danos que não foram calculados.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, entre 2003 e 2021, a região enfrentou de oito a dez períodos de estiagem, segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Apenas em 2023, o estado calculou perdas de pelo menos R$ 1,83 bilhão na agricultura.
Apesar de semelhantes, a estiagem e a seca são fenômenos climáticos de diferentes intensidades. Segundo a Defesa Civil, a estiagem é caracterizada por um período prolongado de baixo ou nenhum registro de chuva. Já a seca é um período de estiagem prolongada que causa um desequilíbrio hidrológico.
Entre 2020 e 2022, aproximadamente 25 milhões de pessoas foram afetadas por secas e estiagens no Brasil, cerca de seis vezes mais do que o número de afetados por cheias, informou a ANA (Agência Nacional de Águas).
No início da semana passada, dez municípios de seis estados do Nordeste que passam por estiagem tiveram a situação de emergência reconhecida pelo governo federal. Entre as cidades estão Maravilha (AL), Araci (BA), Jucati (PE), Curral Novo do Piauí (PI) e Nova Cruz (RN).
Apenas em 2023, 942 municípios no Nordeste tiveram os pedidos de situação de emergência reconhecidos pelo governo federal. O índice representa uma redução de 13% em relação a 2022, quando 1.089 reconhecimentos foram realizados.
Em situações de seca extrema, algumas regiões precisam recorrer ao abastecimento emergencial de carros-pipa. De acordo com a ANA, apesar da redução em 2022, o governo federal registrou, em média, pedidos de 443 municípios por mês no ano, desembolsando R$ 598 milhões para enfrentar o quadro.
Em contraste com o clima habitual, há alguns anos a região amazônica vem enfrentando períodos de seca. No ano passado, por exemplo, apenas o estado do Amazonas registrou 17.691 focos de calor em dez meses.
Além das secas em 2005, 2010 e 2015/2016, no ano passado a Amazônia voltou a registrar mudanças no clima. De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia, a seca em 2023 reduziu o volume dos rios para níveis mínimos em mais de 120 anos de medição. O fenômeno causou impactos diretos na população ribeirinha, que enfrentou dificuldades para se locomover devido à seca nos rios.
A seca do ano passado foi considerada uma das piores da história, causando prejuízos como a falta de acesso à água potável, interrupções na produção agrícola e mortalidade de peixes.
Dados do Monitor de Secas, programa que acompanha periodicamente a situação do fenômeno no país, apontam uma permanência da condição em alguns estados da Amazônia Legal, entre eles Amapá e Acre.
Na comparação entre março e abril deste ano, os estados registraram o aumento da área com seca. A análise ainda aponta que Amazonas e Roraima registraram o evento em 100% do território.