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A Prefeitura de São Paulo e o Governo Estadual têm instalado grades na Rua dos Protestantes, no centro da cidade, conhecida como Cracolândia, para melhorar a segurança e o acesso dos agentes de saúde, além de facilitar a passagem de veículos. Segundo as autoridades, a medida visa desobstruir a via, que frequentemente ficava ocupada pelos usuários de drogas.
Foi estabelecido um corredor para veículos que ocupa dois terços da rua, enquanto um terço continua disponível para os dependentes químicos. O vice-governador Felício Ramuth (PSD) esclareceu que não há planos de expandir essa ação para outras áreas da cidade.
Especialistas têm opiniões divergentes sobre a eficácia da medida. Alguns argumentam que iniciativas semelhantes no passado resultaram na dispersão dos usuários de crack para outras partes da cidade, o que complicou o trabalho de saúde e assistência social. Outros acreditam que a presença física do Estado na área pode ser positiva para o controle do fluxo de usuários.
O núcleo especializado de cidadania e direitos humanos da Defensoria Pública mencionou que recebeu denúncias de violações de direitos humanos na região, observando que as grades instaladas restringem severamente o espaço público e o direito de ir e vir das pessoas.
Dartiu Xavier, professor da Unifesp e ex-consultor do Ministério da Saúde, criticou a ação, comparando a situação a um campo de concentração e questionando sua eficácia no acesso aos serviços de saúde. Por outro lado, Flavio Falcone, psiquiatra da Unifesp, apontou que a medida já foi aplicada anteriormente sem sucesso na dispersão dos usuários.
Agentes de saúde e assistência social também expressaram preocupações, afirmando que a ação tende a dispersar os usuários, sem reduzir o consumo de drogas nem facilitar o tratamento.
Rafael Alcadipani, professor da FGV, defendeu a presença das grades como demonstração de controle estatal, mas questionou a falta de um plano de longo prazo para a Cracolândia.
O promotor Reynaldo Mapelli Junior, do Ministério Público, considerou que a medida pode organizar o fluxo de usuários, mas alertou contra a truculência nas ações. Guaracy Mingardi, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, criticou a medida como paliativa e eleitoral.
O prefeito Ricardo Nunes defendeu a instalação das grades para facilitar o trabalho dos agentes de saúde na região, citando dados que mostram a longa permanência dos dependentes químicos no local.
Felício Ramuth, vice-governador, destacou que as grades fazem parte de um esforço maior para controlar o tráfico de drogas na área desde o ano passado, refutando críticas sobre restrições ao direito de ir e vir dos usuários.
A Secretaria de Segurança Pública informou que intensificou ações policiais na região central para combater crimes, incluindo o tráfico de drogas, como parte do processo de requalificação do local.