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Pescadores resgataram mais de 300 peixes presos em um lamaçal no rio Paraguai, na última quinta-feira (12), utilizando baldes e criando uma valeta para que os peixes nadassem até uma área mais profunda do rio. A região enfrenta uma seca severa, com o nível do rio quatro metros abaixo da média para o período.
Dinho Barreiro, de 46 anos, foi um dos pescadores que participaram da ação. Ele e amigos estavam pescando próximo à ilha de San Alberto, no Paraguai, na fronteira com Porto Murtinho (MS), quando encontraram os peixes encalhados na lama e decidiram agir. Segundo eles, a maioria dos peixes era da espécie pintado, mas parte acabou morrendo.
O último relatório do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) informou que o nível do rio Paraguai em Porto Murtinho está em 89 centímetros, quando o normal para esta época seria de 4,92 metros.
Barreiro relatou que pescadores avistaram centenas de peixes mortos e outros sufocando em uma baía seca no rio Paraguai. Após acionarem a Polícia Militar Ambiental (PMA), foram informados que, por se tratar de território paraguaio, a PMA não poderia atuar. Diante disso, o grupo decidiu realizar o resgate por conta própria.
O pescador explicou que abriram um canal de água para facilitar a passagem dos peixes e utilizaram baldes para transportá-los até o rio. Ao todo, a primeira equipe resgatou mais de 200 peixes, enquanto uma segunda equipe salvou mais de 100, com cada balde contendo de oito a dez peixes.
A PMA confirmou que não atendeu a ocorrência devido à localização internacional, mas em Mato Grosso do Sul a polícia monitora a seca nas regiões de Porto Murtinho e Corumbá. O Serviço Geológico do Brasil alertou que o rio Paraguai está secando, com alguns trechos registrando níveis historicamente baixos desde o início de 2024, incluindo o menor nível em quase 60 anos em julho.
O rio, que abrange 48% do Mato Grosso e 52% do Mato Grosso do Sul, atravessa os biomas Cerrado, Pantanal e Chaco, no Paraguai. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) identificou 18 pontos críticos e 15 pontos potencialmente críticos no rio Paraguai, afetando o transporte de ferro, soja e outros itens de exportação. Setores como a pesca e o turismo também foram impactados.
A Marinha do Brasil informou que a navegação ainda ocorre, mas com restrições, como a redução da carga embarcada, do número de barcaças nos comboios e a utilização de cartas náuticas atualizadas.
Já a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) destacou que o nível d’água do rio atingiu, em abril deste ano, o pior valor histórico em algumas estações de monitoramento, com o cenário de escassez persistindo desde o início do ano na Região Hidrográfica do Paraguai.