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Irã nega ligação com ataque a Salman Rushdie e culpa próprio autor

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O Irã negou qualquer ligação com o esfaqueamento de Salman Rushdie e culpou o autor e seus apoiadores pelo ataque que o deixou com ferimentos que mudaram sua vida. A declaração foi feita hoje (15) em entrevista coletiva televisionada, a 1ª reação pública do país ao ataque.

“Em relação ao ataque a Salman Rushdie, não consideramos ninguém além de [Rushdie] e seus apoiadores dignos de culpa e até de condenação”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani.

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“Não vimos mais nada sobre o indivíduo que realizou esse ato além do que vimos da mídia americana. Negamos categoricamente e seriamente qualquer conexão do agressor com o Irã”, disse Kanaani.

Rushdie, um aclamado autor britânico nascido na Índia, recebeu ameaças de morte por décadas depois que o Irã emitiu uma fatwa, ou decreto religioso, pedindo sua morte após o lançamento em 1988 de seu livro “Os Versos Satânicos”.

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O escritor passou quase uma década vivendo sob proteção britânica antes de se mudar para os EUA nos últimos anos e foi repetidamente esfaqueado durante um ataque no palco no oeste de Nova York na sexta-feira passada.

O suspeito, identificado como Hadi Matar, de 24 anos, de Fairview, Nova Jersey, se declarou inocente no sábado de tentativa de homicídio em segundo grau e outras acusações.

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Embora o Irã não tenha comentado oficialmente o ataque no fim de semana, vários jornais iranianos de linha dura elogiaram o suspeito no sábado – incluindo o jornal conservador Kayhan, cujo editor-chefe é nomeado pelo líder supremo, Ali Khamenei.

“Mil bravos, cem Deus abençoe. Sua mão deve ser beijada…Bravo para o guerreiro e homem obediente que atacou o apóstata e perverso Salman Rushdie. A mão do guerreiro deve ser beijada. Ele rasgou a veia do pescoço de Rushdie”, disse o jornal.

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Outro jornal de linha dura, Khorasan, publicou uma manchete, “O Diabo no Caminho para o Inferno”, enquanto mostrava uma foto de Rushdie em uma maca.

Rushdie – filho de um empresário muçulmano de sucesso na Índia – foi educado na Inglaterra, primeiro na Rugby School e depois na Universidade de Cambridge, onde recebeu um mestrado em história.

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A publicação dos “Versos Satânicos” em 1988 o transformou em um nome familiar e lhe trouxe notoriedade.

O líder iraniano, o aiatolá Ruhollah Khomeini, emitiu a fatwa contra ele um ano depois.

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A recompensa contra Rushdie nunca foi levantada, no entanto, em 1998, o governo iraniano procurou se distanciar da fatwa prometendo não tentar executá-la.

Mas em fevereiro de 2017, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, reafirmou o decreto religioso.

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E em 2019, Khamenei tuítou dizendo que a fatwa de Khomeini contra Rushdie era “sólida e irrevogável”, levando o Twitter a colocar uma restrição em sua conta.

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