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A China enviou nesta quinta-feira (23) sua primeira sonda não habitada em direção a Marte. A missão pretende demonstrar o domínio tecnológico chinês e sua ambição de se tornar uma potência espacial.
O foguete Longa Marcha 5 decolou do centro espacial de Wenchang, na província de Hainan, levando em seu interior a sonda Tianwen-1, que deve alcançar o campo de gravidade de Marte em fevereiro de 2021, segundo previsões da administração espacial chinesa
A sonda Tianwen-1 combina três elementos em um único lançamento: um orbitador, que captará imagens e dados ao redor de Marte, um módulo de aterrissagem e um robô por controle remoto (rover), encarregado de analisar o solo do planeta durante 90 dias.
Poesia no espaço
O dispositivo foi chamado de Tianwen (questões ao céu) a partir de um poema escrito há dois mil anos por Qu Yuan, no qual ele questiona sobre as estrelas e outros corpos celestes.
Em caso de sucesso, a China vai se tornar o primeiro país a conseguir depositar e colocar em funcionamento um robô já numa missão inaugural.
Há desafios previstos nas proximidades de Marte, declarou à imprensa Liu Tongjie, porta-voz da missão, antes do lançamento do foguete. “Vai ser importante desacelerar em um certo momento. Se isso não for feito corretamente ou se a precisão do voo não for suficiente, a sonda não será atraída por Marte”, disse, referindo-se à gravidade no planeta vermelho.
Nesse caso, a sonda continuará em torno de Marte durante cerca de dois meses e meio, na esperança de entrar em sua atmosfera e realizar uma aterrissagem suave. “A entrada, a desaceleração e a aterrissagem são etapas muito difíceis. Achamos que a China pode ter sucesso nessas três fases e que a nave espacial poderá aterrissar com toda a segurança”, acrescentou Liu Tongjie.
Vários meses em Marte
Oito dispositivos – lançados pelos Estados Unidos, Europa e Índia – se encontram atualmente em órbita ao redor de Marte ou em sua superfície. Outras missões estão em projeto.
Os Emirados Árabes Unidos também lançaram no começo da semana uma missão para Marte com o objetivo de estudar sua atmosfera. Os Estados Unidos pretendem também enviar uma sonda em breve para acionar um robô batizado de Perserverance. Esse rover será o maior, o mais pesado e mais avançado já enviado ao planeta vermelho pela Nasa.
A sonda chinesa transporta vários instrumentos científicos para observar a atmosfera e a superfície do planeta, em busca de sinais de água e gelo.
No passado, a China se associou à Rússia para enviar um robô a Marte em 2011, mas o foguete de fabricação russa que levava a sonda não conseguiu deixar a órbita da Terra.