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#### Interação Humana: Uma Jornada de 200.000 Anos
Desde a descoberta dos primeiros ossos de Neandertais em 1856, questionamos as diferenças e semelhanças entre esses antigos hominídeos e os humanos modernos. As dúvidas sobre convivência, conflito e até cruzamento amoroso entre nossos ancestrais e os neandertais persistem. Recentemente, a descoberta dos denisovanos, um grupo semelhante aos neandertais na Ásia, trouxe novas perguntas. Agora, uma equipe internacional de geneticistas e especialistas em inteligência artificial está revelando novos capítulos dessa história compartilhada.
Liderados por Joshua Akey, do Instituto Lewis-Sigler de Genômica Integrativa de Princeton, os pesquisadores descobriram uma complexa teia de misturas e trocas genéticas que indica uma conexão muito mais íntima entre esses grupos humanos antigos do que se acreditava anteriormente. “Esta é a primeira vez que identificamos várias ondas de mistura entre humanos modernos e neandertais”, disse Liming Li, professor da Universidade do Sudeste, na China. Li realizou este trabalho como pesquisador associado no laboratório de Akey.
#### A Longa História de Contato
Os ancestrais diretos dos humanos modernos se separaram da linha dos neandertais há cerca de 600.000 anos, evoluindo para nossa forma atual há cerca de 250.000 anos. Durante aproximadamente 200.000 anos, humanos modernos e neandertais interagiram de diversas maneiras. Os resultados desta pesquisa foram publicados na revista *Science*.
Os neandertais, antes vistos como primitivos, agora são reconhecidos como caçadores habilidosos e fabricantes de ferramentas, capazes de tratar ferimentos com técnicas sofisticadas, adaptados ao frio europeu. Usando genomas de 2.000 humanos vivos, além de três neandertais e um denisovano, Akey e sua equipe mapearam o fluxo gênico entre esses grupos de hominídeos ao longo dos últimos 250.000 anos.
#### Ferramentas Genéticas e Descobertas Surpreendentes
A equipe utilizou a ferramenta IBDmix, que aplica técnicas de aprendizado de máquina para decodificar genomas, permitindo a identificação de três ondas de contato significativas: uma há 200-250.000 anos, outra há 100-120.000 anos e a última há 50-60.000 anos. Isso contrasta com dados anteriores que sugeriam uma longa estagnação dos humanos modernos na África antes de se dispersarem há 50.000 anos. “Nossos modelos mostram que não houve um longo período de estagnação; ao contrário, humanos modernos estavam migrando e interagindo com neandertais e denisovanos muito antes do que pensávamos”.
#### Migração e Troca Cultural
As novas descobertas coincidem com pesquisas arqueológicas e paleoantropológicas que indicam intercâmbio cultural e de ferramentas entre esses grupos de hominídeos. A principal descoberta foi a identificação de DNA humano moderno nos genomas dos neandertais, sugerindo que os primeiros híbridos permaneceram com os neandertais, não deixando traços em humanos modernos.
#### Revisando Populações e Extinção
A população neandertal foi revisada para baixo, de 3.400 para cerca de 2.400 indivíduos reprodutores. Isso contribui para entender como os neandertais desapareceram há cerca de 30.000 anos. “Prefiro não usar o termo ‘extinção’, pois acredito que os neandertais foram amplamente absorvidos”. O modelo de assimilação, proposto pela primeira vez por Fred Smith em 1989, sugere que os neandertais foram lentamente incorporados às populações humanas modernas, ao invés de serem completamente extintos. “Os neandertais estavam à beira da extinção por muito tempo”, concluiu Akey. “Os humanos modernos, com suas ondas de migração, eventualmente sobrecarregaram demograficamente os neandertais, integrando-os às populações humanas modernas.”
#### Publicação e Relevância
O estudo “Fluxo gênico recorrente entre neandertais e humanos modernos nos últimos 200.000 anos” foi publicado na edição de 13 de julho de 2024 da revista *Science*. As novas descobertas oferecem uma visão profunda sobre a complexidade das interações humanas antigas e a evolução das populações modernas.