Apesar da fama de trabalhar pouco e dever 14 meses de aluguel ao Senhor Barriga, Seu Madruga sem dúvidas é quem mais aparece trabalhando no seriado Chaves. O Velho Lobo do Mar foi barbeiro, vendedor de churros e de balões, boxeador, carpinteiro e fez até bico de professor na ausência do Professor Girafales.
O ator que deu vida ao amado Seu Madruga e a personagens como Tripa Seca, Alma-Negra e Racha Cuca completaria 100 anos em 2023. Nascido na Cidade do México em 1923, Ramón Antonio Esteban Gómez Valdés y Castillo construiu uma carreira how to choose the best oral steroids for strength in the usa de sucesso ao lado de Roberto Gómez Bolaños e tornou-se um ícone da TV mexicana.
Querido até hoje entre crianças, jovens e adultos no Brasil e em toda a América latina, o comediante levou uma vida simples antes da fama. Assim como o Seu Madruga, Ramón Valdés passou por várias profissões para levar o sustento para casa. O mexicano, que faleceu em 1988, aos 64 anos, devido a um câncer de pulmão, foi carpinteiro, motorista e vendedor de comida.
“Don Ramón não era personagem. Não precisava de fantasia, nem maquiagem especial. Don Ramón (Seu Madruga) era Ramón Valdés. Era o mesmo ser humano criativo engraçado, sem trabalho e outras coisas que o Seu Madruga representava”.
Esteban Valdés, um dos filhos do artista, concedeu entrevista à Gazeta Brasil e falou sobre a vida e carreira de seu pai. Em seu livro ‘Con Permisito dijo Monchito’, que deve ser lançado no Brasil entre março e abril deste ano, ele narra histórias nunca antes reveladas sobre a vida e morte de Ramón Valdés.
Fernanda Salles: Quando você era criança tinha a noção da importância do seu pai para a televisão mexicana e mundial? Como isso se refletiu na sua vida?
Quando eu era criança meu pai não era famoso. Ele trabalhava em vários ofícios como carpinteiro, motorista, vendedor de comida. Eu nunca imaginei que com o passar do tempo — entre 1969 e 1970, quando eu tinha 10 anos — meu pai ficaria tão famoso. É incrível saber que depois de 50 anos que o programa “Chavo 8” começou e passados mais de 35 anos que meu pai morreu, meu pai se tornou tão importante para as pessoas. Para crianças, adultos, jovens e idosos ele continua gerando tanta alegria para muitas pessoas de todo o mundo.
Fernanda Salles: Como era a sua relação com o seu pai?
Meu relacionamento com meu pai era muito bom, muito amoroso, muito engraçado, muito criativo, muito próximo. Embora ele trabalhasse como todos os pais, ele tínhamos um relacionamento tão grande e importante que durou até o dia de sua morte.
Fernanda Salles: Seu Madruga (Don Ramón) é citado por uma grande parte dos fãs de Chaves como personagem favorito. Por que acha que isso acontece?
Acho que Seu Madruga é o personagem preferido dos brasileiros e de toda a América Latina porque meu pai não era um personagem. Não precisava de fantasia nem maquiagem especial. Seu Madruga era Ramón Valdés, era o mesmo ser humano criativo engraçado sem trabalho e outras coisas que o Seu Madruga representava na vida do meu pai na vida real. Então as pessoas veem um ser humano com defeitos e virtudes naturais como todas as pessoas são.
Fernanda Salles: Seu pai enfrentou dificuldades durante o tempo em que trabalhou nos programas de Chespirito? Por que ele saiu do elenco de Chaves?
Meu pai realmente não teve dificuldades durante o tempo que trabalhou no grupo Chespirito para o El Chapulín e outros programas. Nunca houve nenhum problema, nenhum conflito, nenhuma briga entre eles, na verdade.
Em 1979, Ramón Valdés decidiu sair do elenco de Chaves e Chapolin. O que aconteceu?
Meu pai decidiu sair do programa porque não concordou quando Florinda Meza, que é uma mulher muito talentosa, muito criativa e uma excelente atriz, começou a querer dirigir o programa. Meu pai não gostou disso e por isso ele não estava mais feliz então resolveu sair. Não por um problema ou em razão de uma luta difícil. Só por isso.
Reprodução: TV Foco
Fernanda Salles: Você escreveu um livro sobre seu pai: ‘Con Permisito dijo Monchito’. Pode nos falar um pouco sobre ele? O que o público irá encontrar?
O livro que escrevi é um livro biográfico onde narro a vida do meu pai, da minha mãe e das minhas irmãs. Com meu pai antes de ele ser famoso as dificuldades os problemas as circunstâncias que eram difíceis para nós quando crianças, mas meu pai sempre nos ajudava a ver qualquer situação difícil com senso de humor criatividade e amor.
Esteban Valdés escreveu um livro sobre a vida de seu pai.
O livro está pronto para ser publicado e lançado no Brasil, provavelmente nos meses de março ou abril, onde estarei pessoalmente no Brasil para poder visitar diferentes cidades e poder compartilhar esse momento importante com os fãs do meu pai.
Fernanda Salles: Pode nos contar algo sobre seu pai que não foi dito no livro?
Realmente são muitas, muitas anedotas que não estão no meu livro e com certeza farão parte de um segundo livro, mas uma coisa que posso compartilhar com vocês é o que meu pai fazia quando tinha um problema, uma situação difícil ou uma preocupação. Ele ficava andando de um canto para o outro das sala sem parar; pensando e pensando para ver como ele iria resolver o problema e então finalmente algo vinha à sua mente e ele encontrava a solução.
Fernanda Salles: Quais eram os atores mais próximos do seu pai? Você tem contato com algum deles ou com seus filhos?
Os atores mais próximos de meu pai eram Carlos Villagrán e Édgar Vivar. Carlos era um amigo muito próximo e na maioria das vezes que eles precisavam viajar a trabalho para outro país, Carlos Villagrán (Quico) era colega de quarto de meu pai. Édgar Vivar (Senhor Barriga) era um amigo que sempre consideramos como um membro de nossa família, como um tio que nos amava muito e nos convidava sempre para comer e ir ao cinema. Ainda hoje tenho contato com Carlos Villagrán, María Antonieta de las Nieves (Chiquinha), Édgar Vivar e Roberto Gómez Fernández.
Esteban Valdés e María Antonieta de las Nieves, a Chiquinha, choram ao lembrar de Ramón Valdés.
Fernanda Salles: Sabe qual era o prato favorito do seu pai?
Meu pai não tinha um prato preferido, talvez algo que ele gostasse muito é o que no México chamamos de pancita. É a barriga ou estômago da vaca em um caldo, uma sopa com muito pimentão, bem picante e meu pai gostava de comer quando bebia muito no dia anterior e eu estava de ressaca.
Fernanda Salles: Dos personagens que seu pai fazia, qual o seu preferido? Por que?
Meu personagem favorito, além de Don Ramón (Seu Madruga), é o Super Sam. É um personagem incrível porque ele é como um antagonista do Chapolin Colorado e é muito interessante o fato de Roberto Gómez Bolaños ter decidido incluir esse personagem na série. Chapolin Colorado era muito, muito engraçado. Eu também gostava muito quando meu pai fazia a mímica da Pantera Cor-de-Rosa. Ele adorava o programa de TV da Pantera Cor-de-Rosa e ele realmente sentia que era a Pantera Cor-de-Rosa.
Super Sam, um dos personagens de Ramón Valdés em Chapolin Colorado.
É incrível ver o quanto meu pai é amado no mundo todo, mas o Brasil é um país que não tem comparação por tanto amor, tanta admiração e identificação com Seu madruga. Mais de 35 anos atrás meu pai morreu e continua aí vivo influenciando as pessoas até hoje. Eu, minhas irmãs e minha família ficamos muito felizes com tudo isso.
A despedida de Ramón Valdés
Ramón Valdés faleceu em 9 de agosto de 1988, aos 64 anos de idade, vítima de um câncer que começou nos pulmões e rapidamente se espalhou pelo estômago, atingindo também a medula. Ao todo, ele gravou 68 episódios de “Chaves” e participou de vários outros das séries “Chapolin”, “Chespirito” e “Dr. Chapatin”, todas criadas por Roberto Bolaños.
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