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A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) espera enviar à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), até o final de maio, o pedido para testar em humanos a vacina 100% brasileira contra a covid-19 desenvolvida pela instituição.
O imunizante desenvolvido em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), até o momento batizado de Spintec, já é testado em macacos. Os resultados, segundo informou à reportagem o pesquisador Flávio Fonseca, do CT-Vacinas da UFMG, já têm se mostrado promissores.
— Já estamos preenchendo o dossiê necessário. Ele deve ser concluído em 30 dias e, então, será enviado à Anvisa, no mais tardar, no próximo mês.
Na prática, o centro de pesquisas vai pedir à Anvisa para iniciar os testes em grupos pequenos, de 100 a 400 pessoas, nas chamadas fases 1 e 2 de testes clínicos em humanos. Estas etapas duram até 80 dias e podem acontecer simultaneamente, mas cada uma tem um objetivo específico.
Na primeira, os estudiosos vão analisar a segurança do medicamento, observando se ele causa algum efeito adverso ou colateral. Já a segunda vai focar na capacidade de imunização do produto.
A Anvisa tem um prazo legal de 72 horas para decidir se autoriza ou não a testagem, caso a documentação entregue esteja completa, com todos os dados solicitados pelo órgão. A ampliação para uma camada maior da população, na fase 3, ainda não têm previsão de data para acontecer e depende dos resultados das etapas anteriores.
Resultados promissores
Atualmente, a UFMG abriga sete pesquisas de potenciais vacinas contra a covid-19. A Spintec tem sido a maior aposta por estar com estudos mais avançados e já ter apresentado resultados promissores, conforme explica o professor Flávio Fonseca. As análises preliminares foram feitas com bases em testes realizados em camundongos transgênicos e em hamsters.
— Os retornos foram muito bons. É impressionante. O percentual de sobrevivência de animais vacinados contra o vírus foi de 100%, enquanto o dos outros animais não vacinados foi de 15%.
A tecnologia utilizada na Spintec, de acordo com Fonseca, é similar à de vacinas da hapatite b e HPV. Ela usa uma bactéria para produzir uma das proteínas que o coronavírus usa para entrar nas células. Esse material é reproduzido e purificado. Quando o produto final entra em contato com o organismo, o sistema imunológico reage sobre ele “pensando” estar atacando o vírus causador da covid-19 e desenvolve a reação imunológica.
Os pesquisadores já têm realizado conversas com a Funed (Fundação Ezequiel Dias), laboratório que pertence ao Governo de Minas, para avaliar a possibilidade da Fundação assumir a produção da vacina, caso ela seja aprovada. A expectativa é que o imunizante chegue ao mercado em 2022.
— Este é um fator muito importante porque vamos poder garantir autossuficiência do país na produção de vacina. Hoje nós dependemos de outros países para tudo em relação à vacina da covid-19 e isto não pode acontecer.
Custos
A universidade calcula que os testes em fase 1 e 2 vão custar de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões. A reitoria da UFMG busca parcerias para financiar todo o projeto. Só a fase 3 deve custar R$ 300 milhões.
A pesquisa conta com apoio do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações). A ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais) também já se comprometeu a apoiar os estudos. Uma das propostas dos deputados é destinar para o centro de pesquisas parte do dinheiro do acordo da Vale com o Governo de Minas, em função do rompimento da barragem em Brumadinho.
*De Gazeta Brasil, com informações de R7