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Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (23), a empresa responsável pela produção da vacina indiana Covaxin, Bharat Biotech, afirmou que pratica preços “transparentes” em todas as exportações de doses do imunizante contra o novo coronavírus.
De acordo com a companhia, o valor pago pelo Governo Federal brasileiro para adquirir a vacina indiana segue valores definidos na tabela estipulada para o mercado internacional e é compatível com o que foi desembolsado por outros países.
“A Bharat Biotech tem sido consistente e transparente em seus preços da Covaxin para fornecimentos a governos internacionais, o que foi indicado entre US$ 15 e US$ 20 por dose, como já anunciado publicamente”, informou a empresa.
“Os suprimentos foram feitos para vários países nestes pontos de preços e vários países adicionais estão aguardando remessas nas semanas e meses que virão”, afirmou.
De acordo com a companhia, “o preço de fornecimento da Covaxin ao governo da Índia, de 150 rúpias por dose, é um preço não competitivo e claramente não sustentável no longo prazo”.
A Bharat Biotech diz ainda no comunicado que “um preço mais alto no mercado privado é exigido para compensar parte do custo”.
Segundo reportagem do Estado de S. Paulo, o valor pago pelo governo brasileiro para comprar as doses do imunizante indiano seria cerca de 1.000% superior ao que teria sido indicado em telegramas do Itamaraty.
Em 2020, o valor estimado pela diplomacia do país era de US$ 1,34 por dose. Em fevereiro de 2021, o Ministério da Saúde adquiriu 20 milhões de doses da Covaxin por US$ 15 por dose.
A aquisição da vacina indiana entrou na mira da CPI da Covid, que investiga ações do governo federal durante a pandemia. Hoje, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou que alertou o presidente Jair Bolsonaro sobre indícios de supostas irregularidades envolvendo a compra da Covaxin.
A CPI pretende ouvir na sexta-feira Miranda e seu irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde, para prestar esclarecimentos sobre o assunto. O irmão do deputado relatou ter sofrido pressão de superiores para acelerar a importação do imunizante.
A negociação para a compra da Covaxin foi intermediada pela Precisa Medicamentos, representante no Brasil da Bharat Biotech. O sócio da empresa Francisco Emerson Maximiano prestaria depoimento hoje à CPI da Covid, mas informou que não poderia comparecer por estar cumprindo quarentena após viagem à Índia.
No comunicado divulgado nesta quarta, a Bharat Biotech também explica sua relação com a Precisa. “A parceria da Bharat Biotech com a Precisa Medicamentos envolve o apoio a apresentações regulamentares, aprovações e licenciamentos para a Covaxin. […] Além disso, a Precisa Medicamentos conduzirá um grande ensaio clínico Fase 3 no Brasil, que deverá ter início durante o terceiro trimestre de 2021”, diz a empresa.
“Embora os orçamentos para as compras da Covaxin tenham sido alocados, até esta data não foi feito nenhum fornecimento para o Brasil. A Bharat Biotech tem a capacidade de fabricação para fornecer as quantidades necessárias ao Brasil, aguardando aprovações e recebimento de ordens de compra de agências de compras no Brasil”, completou a companhia.
Em manifestação ao Tribunal de Contas da União (TCU) obtida pelo site O Antagonista, o Ministério da Saúde justificou a compra da vacina indiana pela emergência da pandemia de covid-19 no país.
Segundo a pasta, era “oportuna a oferta de fornecimento dessa vacina” em função da “imprevisibilidade do cronograma de entrega por parte das farmacêuticas já contratadas e a escassez de doses fornecidas”.
“Faz-se necessário procurar o fornecimento com outros fornecedores, visando a acelerar o processo de vacinação no país, em especial em um cenário com elevação no número de casos em diversas unidades da federação. Nesse cenário, a aquisição de 20 milhões de doses da vacina BBV152 traz elevada probabilidade de acelerar a presente campanha de vacinação e trazer impactos positivos para a saúde da população brasileira”, alegou o ministério.