Preocupados com o aumento do desmatamento no Cerrado, que vai na contramão do que acontece na Amazônia, o governo federal e sete estados criaram uma força-tarefa para proteger esse bioma vital para o Brasil. A iniciativa faz parte do Plano de Ação Contra o Desmatamento do Cerrado (PPCerrado), retomado em 2023.
Uma reunião no Palácio do Planalto, coordenada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, reuniu os governadores de sete estados: Maranhão, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e a vice-governadora do Distrito Federal.
Também participaram os ministros da Agricultura e Pecuária, Meio Ambiente e Mudança do Clima, Planejamento e Orçamento, e Ciência, Tecnologia e Inovação.
A ministra Marina Silva destacou que o Cerrado precisa de um esforço conjunto para ser protegido. “Na Amazônia, o governo federal tem mais poder de ação, mas no Cerrado, são os estados que têm mais autonomia. A participação dos governadores mostra que o problema será resolvido com um pacto entre governo federal, estados, setor produtivo, sociedade civil e comunidade científica”, afirmou.
A força-tarefa vai unificar as bases de dados dos estados com o governo federal, para um monitoramento mais eficaz do desmatamento. O Cadastro Ambiental Rural (CAR), enfraquecido no governo anterior, será retomado e integrado às plataformas estaduais.
O Cerrado, fonte de 40% da água doce do país, teve um aumento de 19% nos alertas de desmatamento em fevereiro de 2024, em comparação com o mesmo mês de 2023. A região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) é a mais afetada, concentrando quase 75% do desmatamento do bioma.
O Ministério do Meio Ambiente alertou para os impactos do desmatamento e das mudanças climáticas no Cerrado. A diminuição da vazão dos rios e a desertificação de áreas próximas ao bioma ameaçam a agricultura familiar, o agronegócio e a economia da região.
Os estados que participarem da força-tarefa podem ter acesso a recursos do Fundo Amazônia para financiar ações de combate ao desmatamento. Até 20% dos recursos do fundo podem ser aplicados em medidas de monitoramento e controle em outros biomas, como o Cerrado.