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Após o opositor russo Alexei Navalny ser preso em um aeroporto de Moscou neste domingo (17), diversos governos de países ocidentais condenaram a detenção e pediram a imediata soltura do advogado por considerarem a prisão como um ato político.
Segundo a porta-voz do russo, Kira Yarmush, a “advogada de Alexei, Olga Mikhailova, ficou em frente ao departamento de polícia de Khimki por uma hora, apresentou à polícia o seu mandado e as suas credenciais”. “Mesmo com isso, eles negaram a entrada dela sem dar nenhuma explicação. Depois, Mikhailova e Vladim Kobzev puderam entrar no departamento, mas não puderam ver Alexei”, informou.
As informações da defesa dão conta que o opositor está “no segundo departamento do Ministério do Interior em Khimki”. Desde o fim da tarde deste domingo, diversas foram as manifestações pela libertação do advogado opositor a Vladimir Putin.
“As autoridades russas devem soltá-lo imediatamente e garantir a sua segurança. A detenção de opositores políticos é contrária aos compromissos internacionais da Rússia”, escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em sua conta no Twitter. A representante europeia ainda voltou a pedir “uma investigação aprofundada e independente sobre o ataque à vida de Alexei Navalny”, referindo-se ao envenenamento ocorrido em agosto do ano passado.
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, também pediu a “libertação imediata” do advogado e afirmou que a prisão dele ao chegar em seu país-natal “é totalmente incompreensível”. Navalny ficou em Berlim entre 23 de agosto e ontem para se recuperar do envenenamento sofrido com uma substância química do grupo Novichock, veneno desenvolvido ainda na União Soviética no fim da década de 1970, na Sibéria.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse ter “grande preocupação” com a prisão pela “enésima” tentativa de silenciar um opositor. “Líderes políticos confiantes não temem competir com outras vozes, não veem necessidade de agir com violência ou detenções erradas contra oponentes políticos”, escreveu ainda.
Também o embaixador dos EUA em Moscou, John Sullivan, emitiu uma nota falando sobre a prisão “politicamente motivada” de Navalny e ressaltou que “a comunidade internacional observará atentamente o tratamento dado” ao opositor porque “o governo russo é responsável por sua saúde e segurança”.
Os governos do Reino Unido, França e Países Baixos também condenaram a prisão e pediram a libertação imediata do russo.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que a reação “entusiasmada” dos países ocidentais querem provocar uma “profunda crise” na política russa para criar um “modelo de desenvolvimento liberal” no país.
– A detenção: No dia 12 de janeiro, a Justiça da Rússia informou que Navalny seria preso se retornasse ao país por ter violado uma pena de prisão domiciliar imposta em 2014. À época, ele foi condenado a 3 anos e meio de prisão por um suposto desvio de 26 milhões de rublos (cerca de R$ 1,9 milhão) de uma empresa de cosméticos francesa.
No dia 29 de dezembro, a Agência de Serviços Penitenciários (FSIN) ordenou que ele se apresentasse em uma delegacia, mas, obviamente, isso não ocorreu porque Navalny ainda estava na Alemanha em tratamento médico.
Neste domingo, Navalny e sua esposa Yulia voltaram à Rússia, mesmo sabendo que isso acabaria em detenção. O voo deveria ter pousado no aeroporto de Vnukovo, onde dezenas de apoiadores do opositor foram presos pela polícia, mas o piloto informou que “por motivos técnicos”, eles pousariam em Sheremetyevo.
Segundo reportaram jornalistas que estavam na aeronave, Navalny se manteve calmo e se despediu da esposa. Assim que as portas abriram, os policiais – que estavam em uma grande ação no aeroporto – prenderam Navalny que ironizou “vocês ficaram me esperando muito tempo?”.
Nesta segunda-feira (18), o advogado divulgou um vídeo em que diz estar sendo processado dentro da estrutura policial em que está.
“Não entendo o que está acontecendo. Um minuto atrás me levaram para fora da cela, para eu me encontrar com meus advogados, cheguei aqui e está acontecendo um processo do tribunal de Khimki. Porque está ocorrendo isso dentro de um departamento de polícia, eu não entendo. O que está ocorrendo aqui é inacreditável. A mais alta forma de ilegalidade, não posso definir de outra maneira”, diz.
Navalny ainda voltou a acusar Putin de ser um “avô que está escondido no bunker porque está com medo de tudo que desintegrou no sistema processual russo”.
*Com informações de ANSA