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A agência reguladora russa das telecomunicações, Roskomnadzor, ameaçou nesta quarta-feira (29/9) bloquear o YouTube se a plataforma não acabar com a suspensão das contas da rede televisão pública RT na Alemanha, que foi considerada “censura” pelas autoridades de Moscou.
O organismo russo afirmou que solicitou ao Google, proprietário do YouTube, que “acabe o mais rápido possível” com as restrições aos canais do YouTube RT DE e Fehlende Part.
E recordou que a “lei prevê uma suspensão total ou parcial de acesso se o proprietário de uma plataforma não cumprir uma advertência da Roskomnadzor”.
YouTube bloqueou na terça-feira as contas da RT DE e Der Fehlende Part por violação das regras internas da comunidade, com a divulgação de “informações falsas” sobre o coronavírus e por tentar contornar uma suspensão de download.
O Kremlin chamou a decisão de “censura” e afirmou nesta quarta-feira que não descarta a “adoção de medidas coercitivas contra esta plataforma para que respeite as leis russas”.
“Há sinais que mostram que as leis russas foram violadas de maneira grosseira. Está relacionado com a censura e com os obstáculos à divulgação de informações”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Algumas horas antes, o ministério russo das Relações Exteriores acusou em um comunicado as autoridades alemãs de “ter estimulado” a decisão, que teria o objetivo de “calar” um meio de comunicação que os incomoda.
Neste contexto, “adotar medidas de represália simétricas contra a mídia alemã na Rússia (…) parece não apenas apropriado, como necessário”, afirmou o ministério.
Steffen Seibert, porta-voz do governo da Alemanha respondeu que as autoridades do país não têm “nada a ver” com a suspensão da RT e advertiu que “qualquer um que defenda represálias não mostra um respeito adequado à liberdade de imprensa”.
A RT, que transmite em inglês, francês e espanhol, é considerada parte da propaganda do Kremlin no exterior.
De acordo com a imprensa alemã, o YouTube bloqueou as contas da RT DE porque o grupo tentou, por meio de sua emissora Der Fehlende Part, passar por cima da proibição de divulgação de novos vídeos durante uma semana após a divulgação de desinformação sobre o coronavírus.
Segundo a RT, esta suspensão acabaria na quarta-feira e teve como objetivo prejudicar seu bom funcionamento nos dias próximos às eleições legislativas alemãs, em 26 de setembro.
A Rússia intensificou a ofensiva contra as grandes redes sociais e plataformas digitais nos últimos meses e as acusou de atuar a favor dos interesses ocidentais.
Entre outras medidas, o governou forçou Google e Apple a bloquear na Rússia uma série de conteúdos vinculados ao opositor detido Alexei Navalny. O ativista acusou as empresas de “cumplicidade” com a censura exercida pelo presidente Vladimir Putin.
Fontes das empresas deram a entender que cederam à Rússia porque seus funcionários no país corriam o risco de detenção.
Os países ocidentais consideram que a Rússia organiza campanhas de desinformação nas redes sociais para espalhar a discórdia ou para interferir com fins eleitorais, como aconteceu nas presidenciais americanas de 2016.
As redes sociais são espaços de liberdade de expressão utilizados pelos adversários do Kremlin.
Mas o governo russo exige agora que os gigantes das telecomunicações moderem os conteúdos na Rússia o sigam as normas do país, muito severas.
Por exemplo, as autoridades russas podem declarar “extremista” qualquer organização crítica ao governo e pedir que suas publicações sejam bloqueadas. E é exatamente o que fazem com o movimento de Navalny.
O Twitter, acusado de não retirar conteúdos considerados ilegais, funciona muito lentamente na Rússia desde março.
Os vídeos, fotos e outros conteúdos mais pesados são muito difíceis de fazer o download.
Em janeiro, Putin afirmou que os gigantes da internet “competiam” com os Estados e denunciou suas “tentativas de controlar brutalmente a sociedade”.
A Rússia aprovou em 2019 uma lei para o desenvolvimento de uma internet soberana. As autoridades negam o desejo de construir uma rede nacional sob seu controle, como acontece na China, mas é exatamente o que temem a oposição e as ONGs.
As redes sociais já são obrigadas a armazenar em território russo os dados de seus usuários russos.
Além disso, as empresas digitais terão que abrir em breve representações oficiais que serão responsáveis por “qualquer infração à lei russa”.
*Com informações de AFP