O governo de Cuba rejeitou na terça-feira (12) um pedido da oposição para realizar um protesto em 15 de novembro, alegando que os organizadores são apoiados pelos Estados Unidos e querem derrubar o regime.
As manifestações propostas seguiriam protestos antigovernamentais sem precedentes que surgiram em 11 de julho em cerca de 50 cidades cubanas.
“Os promotores e seus representantes públicos, alguns dos quais com vínculos com organizações subversivas ou agências financiadas pelo governo americano, têm a clara intenção de promover uma mudança no sistema político cubano”, disse o governo em nota no site oficial de Cubadebate.
Os organizadores queriam fazer protestos em seis das 15 províncias da ilha em um apelo contra a violência e por mudanças.
Mas o governo comunista disse que as razões eram ilegítimas e constituíam uma “provocação”, acrescentando que a nova constituição adotada em 2019 afirma que o atual sistema socialista é “irrevogável”.
O pedido de protesto publicado nas redes sociais apontava para o artigo 56 da nova constituição que protege o direito de reunião, protesto e associação para fins lícitos e pacíficos.
“Embora seja um direito constitucional, não pode ser exercido em detrimento de outros direitos”, disse o governo em resposta.
– ‘Mudar para melhor’ –
O diretor de cinema Yunior Garcia, que organizou o protesto planejado em Havana, criticou as razões do governo para recusar os pedidos.
“O que quer que o cubano faça, eles sempre dizem que a ideia veio de Washington. É como se não pensássemos, como se nós, cubanos, não tivéssemos cérebro”, disse ele.
“É claro que todo cubano sensato deseja uma mudança para melhor, eles querem democracia em Cuba, mais progresso, mais liberdade.”
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse que a manifestação de julho nas ruas “não era sobre os Estados Unidos”.
“A proibição de protestos pacíficos que vimos, tudo isso nos lembra que é o povo cubano quem está pagando caro em sua luta pela liberdade, sua luta pela dignidade”, disse a repórteres o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
“Pedimos ao governo de Havana que respeite as liberdades fundamentais e os direitos fundamentais do povo cubano”.
O protesto da oposição estava originalmente programado para 20 de novembro, mas foi alterado depois que o governo declarou na semana passada o “Dia da Defesa Nacional” e disse que seria precedido por dois dias de exercícios militares.
“Não podíamos ser irresponsáveis, não queríamos violência, não queríamos cubanos lutando entre si e não podíamos enviar manifestantes para uma batalha de rua contra o exército que poderia responder com violência”, disse Garcia.
A repressão do governo aos protestos de julho deixou um morto, dezenas de feridos e mais de 1.000 pessoas detidas, várias centenas das quais permanecem atrás das grades.
*Com informações da AFP