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O presidente da Colômbia, Iván Duque, reiterou nesta quarta-feira, 20, que seu governo não vai reconhecer uma “ditadura ultrajante” como a da Venezuela, em resposta à iniciativa do Senado colombiano de criar uma comissão legislativa bilateral para buscar a normalização das relações com aquele país. “Uma coisa que não podemos nos enganar é que a Colômbia não vai reconhecer uma ditadura ultrajante, corrupta, narcotraficante”, disse Duque ao lado do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que chegou hoje a Bogotá para uma visita oficial. Segundo Duque, reconhecer o governo de Nicolás Maduro, com o qual a Colômbia não mantém relações diplomáticas desde fevereiro de 2019, “seria uma rendição dos valores que nosso país tem defendido historicamente”.
Na última terça-feira, 19, quando Iván Duque esteve no Brasil – sendo recebido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com o qual assinou sete acordos de cooperação internacional – o Senado colombiano aprovou, por unanimidade, uma proposta que busca uma aproximação diplomática e comercial com a Venezuela. O projeto foi apresentado pelo senador Jorge Guevara, do partido Aliança Verde, e a decisão foi comunicada hoje ao presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez. Esta aproximação tomaria a forma da criação de uma comissão bilateral para trabalhar na “normalização das relações diplomáticas, das relações comerciais e da verificação das boas práticas comerciais” entre as duas nações.
Segundo o presidente do Senado colombiano, Juan David Gómez, a proposta foi bem recebida por Jorge Rodríguez e Nicolás Maduro e é uma mensagem ao governo de Duque sobre a necessidade de avançar no restabelecimento das relações, “porque esta é uma questão que não tem ideologia política, é uma questão comercial que eu diria que é uma questão de país de fronteira”. No entanto, Duque criticou a proposta ao apontar que as relações internacionais são tratadas pelo Poder Executivo, e não pelo Legislativo, e no que lhe diz respeito, não haveria aproximação com o governo Maduro. “Enquanto eu for o presidente da Colômbia e em defesa da carta democrática (interamericana) e em defesa dos valores que construímos com muitos países, também apoiados por uma queixa contra o ditador perante o Tribunal Penal Internacional, não o reconheceremos”, enfatizou.
O presidente colombiano lembrou que Maduro rompeu relações com a Colômbia em fevereiro de 2019, mas os laços já haviam caído a um patamar mínimo muito antes, durante o mandato de seu antecessor, Juan Manuel Santos. “É importante ter em mente que, quando nosso governo começou [em 7 de agosto de 2018], estávamos sem um embaixador em Caracas há dois anos, ou quase dois anos, e o governo que me precedeu também declarou publicamente que não reconheceria os resultados das eleições fraudulentas com as quais o ditador pretendia se perpetuar no poder”, disse.
A ruptura definitiva entre os países ocorreu em 23 de fevereiro de 2019, depois que o líder da oposição na Venezuela, Juan Guaidó, tentou entrar em seu país natal vindo da cidade colombiana de Cúcuta e à frente de uma caravana de veículos com ajuda humanitária. O episódio terminou em cenas de violência na fronteira. “A Colômbia reconheceu, assim como o governo americano e mais de 50 países, um governo interino que representou a resistência democrática, que resistiu à brutalidade daquele regime”, acrescentou Duque em referência a Guaidó. Ele ressaltou ainda que, apesar das diferenças com o governo Maduro, a Colômbia é solidária ao povo venezuelano. “A posição da Colômbia com a Venezuela é a posição da fraternidade; o gesto mais importante da política migratória em nível global que talvez tenhamos visto na história recente do continente é aquele que tivemos com o povo venezuelano recebendo cerca de 1,8 milhão de migrantes que estão deixando a mais brutal das ditaduras”, afirmou.
*Com informações da EFE