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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez duras críticas ao presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, acusando-o de ter chegado “TARDE E ERRADO” em sua política monetária e exigindo sua demissão. A declaração ocorre em meio ao crescente receio sobre os impactos das novas medidas comerciais na economia norte-americana.
A troca de farpas entre Trump e Powell aconteceu no dia seguinte à advertência do presidente da Reserva Federal, que, em discurso no Clube Econômico de Chicago, apontou que as tarifas impostas pela administração Trump foram “maiores do que o esperado” e que provavelmente resultarão em “um aumento da inflação e um crescimento mais lento” do que o previsto.
Em sua rede social Truth Social, Trump afirmou: “Espera-se que o BCE corte as taxas pela 7ª vez, e, no entanto, ‘Demasiado Tarde’ Jerome Powell da Fed, que sempre chega TARDE E ERRADO, ontem emitiu um relatório que foi outro, e típico, um completo desastre!” Trump fez referência às ações do Banco Central Europeu (BCE), destacando sua postura quanto à política monetária.
O presidente dos EUA defendeu suas políticas comerciais, mencionando que “os preços do petróleo caíram, os alimentos (até os ovos!) caíram e os EUA estão ficando ricos com as tarifas”. Ele insistiu que Powell deveria ter reduzido as taxas de juros, assim como o BCE, “há muito tempo”, e sugeriu que a demissão de Powell “não poderia chegar rápido o suficiente”. O atual mandato de Powell, que assumiu a presidência da Reserva Federal em 2018 e foi ratificado em 2022, vai até 2026, já que os mandatos são de quatro anos.
Powell alerta sobre desaceleração econômica e incerteza crescente
Por outro lado, Powell adotou uma postura cautelosa em seu discurso, destacando que os dados preliminares indicam uma desaceleração do crescimento econômico no primeiro trimestre de 2025. Embora tenha reconhecido que a economia ainda mantém certa solidez, ele alertou para sinais preocupantes.
“Pesquisas realizadas com famílias e empresas mostram um retrocesso significativo na confiança e uma elevada incerteza”, afirmou Powell, associando essas preocupações à política comercial do governo Trump. Ele também destacou que as tarifas impostas foram “significativamente maiores do que o previsto” e, por isso, os efeitos econômicos provavelmente serão mais intensos do que inicialmente esperado.
Entre os fatores que indicam desaceleração, Powell mencionou o crescimento fraco do consumo nos primeiros meses de 2025 e o aumento das importações, refletindo empresas tentando antecipar-se às tarifas futuras, o que pode “desacelerar o crescimento do PIB”.
A Reserva Federal manteve as taxas de juros entre 4,25% e 4,5%, congelando a flexibilização iniciada no final de 2024, quando reduziu as taxas em um ponto percentual. Powell tem reiterado que a inflação, que estava em 2,4% em março (acima da meta de 2%), precisa mostrar uma desaceleração mais consistente antes de novos cortes nas taxas de juros.
As declarações de Powell coincidiram com um dia negativo para a Bolsa de Valores de Nova York, onde as ações tecnológicas sofreram quedas acentuadas após Trump impor restrições à venda de chips H20 da Nvidia para a China. O índice Nasdaq caiu 3,1%, o S&P 500 perdeu 2,25%, o Dow Jones caiu 1,7% e o Russell 2000 recuou 1%.
Além disso, Powell expressou preocupações sobre o panorama econômico para 2025, sugerindo que o desemprego e a inflação poderiam se desviar do equilíbrio esperado. Em particular, ele apontou que, devido às tarifas propostas pela administração Trump, que foram “mais agressivas do que o esperado”, a inflação “não seria mais um evento transitório como poderia se esperar”.
Tensões entre a Casa Branca e a Reserva Federal
O choque entre Trump e Powell reflete as tensões de longa data entre a Casa Branca e a independência da Reserva Federal. Desde sua campanha eleitoral, Trump tem criticado repetidamente Powell, a quem nomeou para o cargo em 2018. A sugestão do presidente dos EUA sobre uma possível demissão de Powell pode gerar incertezas nos mercados financeiros, que valorizam a estabilidade da política monetária do país.
As próximas semanas poderão ser decisivas para a economia norte-americana, com um embate crescente entre a administração Trump e a Reserva Federal, cujas decisões têm um impacto crucial no futuro econômico do país.
