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O principal diplomata do Irã, Abbas Araghchi, reiterou nesta quarta-feira (21) que Teerã nunca deixará de enriquecer urânio, reforçando a linha vermelha da República Islâmica nas negociações com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear. A declaração sublinha o impasse nas conversas, que buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do levantamento de sanções econômicas.
Os comentários de Araghchi vêm após múltiplas rodadas de negociações entre as duas nações, incluindo discussões em nível de especialistas sobre os detalhes de um possível acordo. No entanto, nenhum progresso significativo foi alcançado, e autoridades americanas – incluindo o presidente Donald Trump, o enviado para o Oriente Médio Steve Witkoff e o secretário de Estado Marco Rubio – mantêm que o Irã deve renunciar ao enriquecimento, algo que não fez em seu acordo nuclear de 2015 com as potências mundiais.
“Eu disse antes, e repito novamente: o enriquecimento de urânio no Irã continuará, com ou sem acordo”, afirmou Araghchi, segundo a televisão estatal iraniana. Ele acrescentou que o Irã está “atualmente revisando se e quando participar da próxima rodada” de conversas com os Estados Unidos.
Impasse e Contexto Geopolítico
Os Estados Unidos e Omã, que atua como mediador nas negociações, ainda não anunciaram a quinta rodada de conversas. A recente viagem de Trump ao Oriente Médio na semana passada atrasou qualquer nova reunião. Negociadores se encontraram anteriormente em Mascate, Omã, e em Roma.
“Nunca abandonamos a diplomacia. Sempre estaremos presentes na mesa de negociações, e a razão principal de nossa presença é defender os direitos do povo iraniano”, declarou Araghchi. “Nos opomos às demandas excessivas e à retórica na mesa.”
As declarações de Araghchi ocorreram um dia depois que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, expressou ceticismo sobre o resultado das negociações. “Não acredito que as conversas nucleares com os Estados Unidos darão resultados. Não sei”, indicou Khamenei.
As conversas buscam limitar o programa nuclear do Irã em troca do levantamento de algumas das pesadas sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos à República Islâmica. Trump tem ameaçado repetidamente lançar ataques aéreos direcionados ao programa iraniano se um acordo não for alcançado.
Oficiais iranianos alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com sua reserva de urânio enriquecido a níveis próximos aos de grau armamentista. Enquanto isso, Israel ameaçou atacar as instalações nucleares do Irã por conta própria se sentir-se ameaçado, piorando ainda mais as tensões no Oriente Médio já exacerbadas pela guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.
O acordo nuclear do Irã de 2015 com as potências mundiais limitou o nível de enriquecimento de Teerã a 3,67% e reduziu sua reserva de urânio para 300 quilogramas. Esse nível é suficiente para plantas de energia nuclear, mas muito abaixo dos níveis de grau armamentista de 90%. Desde que o acordo nuclear entrou em colapso em 2018 com a retirada unilateral dos Estados Unidos por parte de Trump, o Irã abandonou todos os limites em seu programa e enriqueceu urânio a até 60% de pureza, um passo tecnicamente curto dos níveis de grau armamentista. Uma série de ataques no mar e em terra também ocorreram nos últimos anos, decorrentes das tensões mesmo antes do início da guerra entre Israel e Hamas.
