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O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, afirmou nesta segunda-feira (16) que é “muito provável” que cerca de 15 mil centrífugas da principal planta de enriquecimento de urânio do Irã, localizada em Natanz, tenham sido gravemente danificadas ou destruídas após um corte de energia causado por um ataque aéreo de Israel.
Em entrevista à BBC, Grossi destacou que o desligamento repentino do fornecimento externo de energia afetou diretamente o funcionamento das centrífugas, que operam em condições altamente delicadas. “A nossa avaliação é que, com essa perda repentina de energia externa, é muito provável que as centrífugas tenham sido gravemente danificadas, se não completamente destruídas”, disse.
Inicialmente, a AIEA havia relatado que, apesar da perda de energia, a estrutura física da planta subterrânea de Natanz não parecia ter sido atingida. No entanto, Grossi foi além em sua entrevista e afirmou que “houve danos internos”, sugerindo impacto direto no funcionamento do complexo.
Israel atinge infraestrutura nuclear iraniana
Segundo o chefe da AIEA, dois dos três principais centros de enriquecimento de urânio do Irã estão fora de operação após os bombardeios israelenses. A planta piloto de enriquecimento em superfície, também localizada em Natanz, foi destruída. Já a planta de Fordow, escavada no interior de uma montanha, teria sofrido apenas danos “muito limitados”.
Mesmo sem poder realizar inspeções presenciais após os ataques, a AIEA vem monitorando os complexos nucleares iranianos por meio de imagens de satélite.
Grossi também informou que quatro edifícios do complexo nuclear de Isfahan foram atingidos, incluindo uma instalação de conversão de “yellowcake” — forma concentrada de urânio — em hexafluoreto de urânio (UF₆), gás essencial para o processo de enriquecimento.
O que é o enriquecimento de urânio?
O enriquecimento de urânio é o processo técnico que aumenta a concentração do isótopo U-235, necessário para reações nucleares. O urânio natural, composto majoritariamente por U-238 e com menos de 1% de U-235, não é suficiente para gerar energia nuclear nem, muito menos, para armamentos.
A técnica mais usada atualmente é a centrifugação, na qual o gás UF₆ é colocado em cilindros metálicos que giram em altíssima velocidade. A força centrífuga separa os isótopos: o mais leve (U-235) tende a concentrar-se no centro, enquanto o mais pesado (U-238) vai para as bordas. Milhares de centrífugas conectadas em cascata gradualmente enriquecem o material.
Esse processo, embora eficiente, exige infraestrutura sofisticada, controle rigoroso e conhecimento técnico avançado. O urânio enriquecido entre 3% e 5% é utilizado em usinas de energia, enquanto níveis acima de 90% tornam o material apto para armas nucleares — fator que acende alertas internacionais e torna as inspeções da AIEA essenciais.
Implicações internacionais
A suposta destruição de equipamentos nucleares iranianos ocorre em meio a uma escalada de tensão no Oriente Médio. Embora o Irã não tenha confirmado oficialmente a extensão dos danos, os ataques israelenses levantam preocupações sobre a segurança das instalações e o risco de um agravamento do conflito na região.
