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O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, reagiu neste domingo (22) aos ataques norte-americanos contra instalações nucleares iranianas, em uma declaração incisiva nas redes sociais. Ele classificou a aliança entre Israel e os Estados Unidos como um “grande erro” e afirmou que o país sionista “deve ser punido”.
“O inimigo sionista cometeu um grande erro, um grande crime; deve ser punido e está sendo punido; está sendo punido agora mesmo”, escreveu Khamenei. A publicação foi acompanhada por uma imagem simbólica de um crânio em chamas com a estrela de Davi, cercado por mísseis atingindo edifícios.
A declaração veio no mesmo dia em que cerca de 20 caças israelenses bombardearam alvos militares no território iraniano, utilizando mais de 30 munições. Entre os locais atingidos estavam depósitos de mísseis, satélites e radares estratégicos.
Durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, o embaixador do Irã, Amir Saeid Iravani, alertou que a resposta ao ataque será determinada pelas Forças Armadas do país.
“A natureza e proporcionalidade da resposta será decidida por nossas forças militares”, afirmou.
Iravani acusou ainda Israel de ter sequestrado a política externa dos EUA:
“Tel Aviv conseguiu sequestrar a política externa dos Estados Unidos, arrastando o país para mais uma guerra custosa e sem fundamento.”
O diplomata também declarou que os EUA “sacrificaram a segurança para proteger Netanyahu”, em referência ao primeiro-ministro israelense.
Do lado americano, a embaixadora Dorothy Shea defendeu a ofensiva e deixou claro que qualquer retaliação iraniana será enfrentada com força:
“O tempo finalmente chegou para que os EUA, em defesa de seu aliado e em defesa de nossos próprios cidadãos e interesses, agissem de forma decisiva”, disse.
“Qualquer ataque direto ou indireto será combatido com retaliações devastadoras.”
Já o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, agradeceu aos EUA pela ação e reforçou a visão israelense de que o Irã representa uma ameaça global:
“Não se enganem. O custo da inação teria sido catastrófico. O Irã, armado nuclearmente, seria uma sentença de morte para vocês e para nós.”
“O Irã atacou instalações civis, Israel atacou bases militares. Essa é uma diferença moral entre nós e eles. Eles buscam o caos, nós buscamos a ordem.”
Danon acusou ainda o Irã de enriquecer urânio acima dos níveis civis permitidos e de sabotar as negociações por cessar-fogo:
“Eles transformaram o diálogo em um teatro. Tiveram todas as chances do mundo livre, mas não honraram nenhum compromisso.”
Durante a reunião, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo urgente pela retomada da diplomacia:
“O bombardeio de instalações nucleares iranianas pelos Estados Unidos marca uma virada perigosa em uma região que já está à beira do abismo. O povo não pode suportar outro ciclo de destruição. E, no entanto, agora corremos o risco de entrar num ciclo de retaliação após retaliação. Para evitá-lo, a diplomacia deve prevalecer. Não podemos – e não devemos – desistir da paz.”
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, alertou que o ataque ameaça o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). Segundo ele, a AIEA ainda não conseguiu avaliar os impactos em uma das instalações atingidas, mas destacou que existe uma “janela de oportunidade” para retomar o diálogo.
Críticas de China e Rússia
A China condenou os ataques dos EUA e acusou o país de violar o direito internacional. O embaixador chinês na ONU, Fu Cong, reforçou a necessidade de um cessar-fogo imediato:
“As ações do Irã exacerbaram as tensões no Oriente Médio e foram um golpe ao TNP”, afirmou.
A China, junto com Rússia e Paquistão, apresentou uma proposta de cessar-fogo ao Conselho de Segurança, que inclui a proteção de civis e a retomada do diálogo. No entanto, os vetos dos EUA e de outros membros permanentes podem travar a iniciativa.
Enquanto isso, a escalada militar entre Irã, Israel e EUA alimenta o temor de uma guerra de grandes proporções no Oriente Médio, com impactos imprevisíveis para a estabilidade global.
