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A Bolívia viveu neste domingo (19) um momento histórico ao eleger Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), como novo presidente do país. A eleição, marcada pela primeira disputa de segundo turno da história boliviana, simboliza uma guinada à direita após duas décadas de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS), partido ligado a Evo Morales e ao atual presidente Luis Arce.
Com 54,5% dos votos, e mais de 97% das urnas apuradas, Paz derrotou o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, que obteve 45,4%. O resultado foi confirmado pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), que classificou a vitória como “irreversível”.
Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), Rodrigo Paz, de 58 anos, é economista e senador. Sua vitória representa o fim de um ciclo político de 20 anos e o início de uma nova fase voltada para a centro-direita, com promessas de reconciliação nacional e recuperação econômica.
“Apostamos por um cambio. Nos dá a oportunidade de governar Bolívia para todos. É tempo de nos reconciliarmos. Que viva a democracia!”, declarou o novo vice-presidente, Edmand Lara, durante pronunciamento à imprensa em Santa Cruz.
Lara destacou que a prioridade do novo governo será estabilizar a economia e garantir o abastecimento de combustíveis:
“É momento de trabalhar por Bolívia. A paz vem primeiro. Temos que garantir o fornecimento de diesel e gasolina e acabar com a corrupção”, afirmou.
Segundo o TSE, a votação ocorreu sem incidentes relevantes. Paz venceu em seis dos nove departamentos do país, embora tenha perdido em Tarija, sua base política. Ele assumirá o poder em 9 de novembro, em meio à pior crise econômica das últimas quatro décadas, marcada por recessão, alta da inflação, escassez de dólares e falta de combustíveis.
O senador Andrónico Rodríguez, aliado de Evo Morales e ex-candidato presidencial, reconheceu a derrota e criticou a gestão atual do MAS.
“Esta dura lição servirá para nos levantarmos com mais força. A má gestão, corrupção e divisão nos levaram a esse resultado”, declarou nas redes sociais.
Em seu plano de governo, Rodrigo Paz prometeu reduzir gastos públicos em até US$ 1,5 bilhão, investir em infraestrutura e serviços básicos, e adotar um modelo de “capitalismo para todos”, com o objetivo de formalizar o comércio e reduzir o contrabando.
O novo presidente também afirmou que pretende reformar o sistema judiciário, ampliar a participação dos departamentos no orçamento nacional para 50% e retomar as relações diplomáticas com os Estados Unidos.
