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Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) durante os governos dos presidentes Lula e Dilma, negou qualquer participação em decisões que facilitassem empréstimos à empresa JBS. Coutinho esteve presente em sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que investiga supostas práticas de corrupção no banco entre 2003 e 2015.
“Não fomos seletivos em relação à JBS. Se você olhar operações de outras empresas, você vai ver o mesmo tratamento dado”, disse Coutinho. As operações do BNDES estão sendo investigadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), inclusive atos praticados durante a gestão de Coutinho. O ex-presidente do banco argumentou ainda que a prática do mercado de capitais precisa ser compreendida pelo TCU.
“A análise técnica do TCU estabelece que o BNDES deveria ter usado o seu poder para forçar preços mais baixos no aumento de capital. Isso seria uma afronta à lei das sociedades anônimas. […] Esses aumentos de capitais foram aprovados em assembleias de acionistas por minoritários. A JBS captou no mercado brasileiro cerca de R$ 11 bilhões, dos quais o BNDES participou com R$ 5,5 milhões. O mercado acompanhou”.
Logo no princípio da sessão, Coutinho e o deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) discutiram sobre dados apresentados pelo ex-presidente do banco e a análise do TCU sobre o caso. Coutinho e Côrtes trocaram acusações e o presidente da CPI, Vanderlei Macris (PSDB-SP), suspendeu a sessão por cinco minutos. No retorno, Cortes e Coutinho ambos pediram desculpas um ao outro por declarações consideradas ofensivas.
O ex-presidente do banco negou ter sido indicado por Mantega ao cargo no BNDES. Ele também afirmou que apenas tratou de “alta política” com Lula quando este era presidente da República. “Nunca recebi do presidente pedido especifico a qualquer projeto ou interesse específico. Sempre mantivemos uma relação de alto nível pensando nos interesses de longo prazo do país, no desenvolvimento do país”.
O objetivo da CPI do BNDES é investigar contratos firmados pelo banco de fomento entre 2003 e 2015, com ênfase nos acordos internacionais. São projetos em países como Gana, Guiné Equatorial, Venezuela, República Dominicana e Cuba. Empreiteiras brasileiras obtiveram financiamento para obras no exterior. A justificativa para o investimento seriam contrapartidas que colaborassem para o desenvolvimento econômico e social do país.
* Com informações da Agência Câmara Notícias