Em texto enviado por Whatsapp, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, classifica de “gesto insensato” e de “repulsivo e horrendo ‘grito necrófilo’” a recusa do presidente Jair Bolsonaro de decretar um lockdown nacional.
Para o ex-ministro, o gesto do presidente é “próprio de quem não possui o atributo virtuoso do ‘statesmanship’ [estadista]“ e se caracteriza, “em face de seu inqualificável despreparo político e pessoal”, “pela nota constrangedora e negativa reveladora daquela ‘obtusidade córnea’ de que falava Eça de Queirós”.
Ao elogiar o lockdown em Araraquara, interior de São Paulo (SP), Celso de Mello afirma que Bolsonaro “tornou-se, com justa razão, o Sumo Sacerdote que desconhece tanto o valor e a primazia da vida quanto o seu dever ético de celebrá-la incondicionalmente!!!”.
O aposentado afirma que o presidente julga ser “um monarca absolutista ou um contraditório ‘monarca presidencial’”. O ex-ministro do STF afirma também que a atitude do presidente faz lembrar “o conflito entre Miguel de Unamuno, Reitor da Universidade de Salamanca no início da Guerra Civil espanhola, em 1936, e o General Millán Astray, falangista e seguidor do autocrata Francisco Franco, ‘Caudilho de Espanha’”.
Para Celso de Mello, as medidas tomadas em Araraquara são exemplo para o Brasil e seguiram recomendações da Organização Mundial da Saúde e de outros países, “governados por políticos responsáveis que repudiam as insensatas (e destrutivas) teses negacionistas!”.
O texto foi enviado para amigos, entre eles, ministros do STF.