Em entrevista à Folha de S. Paulo nesta quarta-feira (14), o dono e presidente da Davati Medical Supply, Herman Cardenas, afirmou que não tinha à mão nenhuma das 400 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 AstraZeneca cuja venda seus representantes tentaram negociar com o governo brasileiro neste ano.
Segundo o empresário, o que haveria era uma promessa de alocação das vacinas feita pela empresa de um médico junto à AstraZeneca, mas ele não quis informar nomes, alegando sigilo contratual.
O presidente da Davati disse ainda, na entrevista ao jornal, que a empresa seria apenas uma facilitadora do negócio entre a fabriante da vacina contra Covid e o governo federal brasileiro, mediante uma comissão que ele não informou o valor. A AstraZeneca nega que negocie venda para empresas privadas.
Cardenas diz não ter ouvido relato de pedido de propina na negociação e criticou seu representante no Brasil para o negócio, Cristiano Carvalho, afirmando que ele é um vendedor autônomo que representou a empresa apenas nesta tentativa de negociação —e que criou site e email da Davati no Brasil sem o seu conhecimento
Cristiano depõe na CPI da Covid, no Senado, nesta quinta-feira (15).
O caso da Davati veio à tona após a Folha publicar entrevista com Luiz Paulo Dominghetti, que se apresentou como representante da Davati e que foi levado à negociação com o governo por Cristiano, em que ele afirma ter ouvido o pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina feito pelo então diretor de logística da pasta, Roberto Ferreira Dias.
A versão foi repetida por Dominghetti em depoimento na CPI da Covid. Dias nega a acusação.
O presidente da Davati disse ainda que Cristiano chegou a ele por meio de um amigo, o Coronel Guerra, identificado como Glaucio Octaviano Guerra. Coronel da Aeronáutica reformado, Guerra teria aberto em novembro do ano passado a Guerra International Consultants, em Maryland (EUA). Guerra seria irmão de policiais com histórico de acusações de corrupção.