Nesta segunda-feira (27), a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), disse que o Banco Central (BC) não precisava ter “esticado a corda” com o Governo Lula. A declaração foi feita em participação na Arko Conference.
O comunicado e a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) são documentos políticos que vieram “no tom errado”, de acordo com ela.
Ambos foram publicados após o Copom decidir, na semana passada, pela manutenção da taxa básica de juros do país, a Selic, em 13,75% ao ano, mesmo após o governo criticar o percentual estipulado.
“Acredito que não precisavam ter esticado a corda como esticaram, porque também mandaram recado, a meu ver, equivocado para a equipe econômica e o núcleo político, ou para a política brasileira”, começou Tebet.
A ministra também disse ter conversado sobre isso com o presidente do BC, Roberto Campos Neto: “Eu questionei isso, eu fiz esse comentário a Roberto Campos (eu tenho uma boa relação com ele), respeito o presidente do Banco Central e fiz esse comentário com ele, e ele comentou: ‘Mas, Simone, sempre foi assim’. Esse ‘Sempre foi assim’ não me agrada”.
“Entendo que o comunicado e a ata são documentos políticos. Então, as palavras têm poder e nós temos que tomar muito cuidado com elas”, afirmou Tebet no evento.
“O comunicado e a ata do Copom, a meu ver (estou dando o meu juízo de valor, sim), têm que ir ao encontro do que está acontecendo no Brasil. É óbvio que fatores externos importam, preocupam, têm que ser colocados na conta quando há decisão técnica, mas também os fatores internos”, afirmou.
A ministra ainda disse que alguns pontos que tiveram evolução devem ser considerados. Ela citou o novo arcabouço fiscal “pronto para anunciar” e com “chance muito, muito grande de ser aprovado”; o amadurecimento da reforma tributária; e a estimativa de rombo menor em 2023, na casa de R$ 110 bilhões.
“Todos esses fatos nós achamos que têm que constar como fator importante – não no número, se vai continuar na próxima reunião do Copom em 13,75%, mas na sinalização que o Banco Central pode dar em relação à queda da taxa de juros”, continuou Tebet.
É preciso “rever conceitos e preconceitos” e “unir o Brasil e reconstruir em outras bases”, de acordo com a ministra.
“Essa discussão, dentro de um determinado e certo nível, é saudável. O mercado tem que entender que isso faz parte do momento político do Brasil, que saiu muito dividido da eleição, que saiu ainda polarizado e que saiu muito machucado”, afirmou.