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O ministro do Superior Tribunal Justiça (STJ), Raul Araújo, autorizou a abertura de um inquérito pela Polícia Federal (PF) para investigar o governador do Rio do Janeiro (RJ), Cláudio Castro (PL).
Ele é investigado por suposto envolvimento em um esquema de corrupção na época em que ele era vereador e vice-governador do Rio.
O pedido de inquérito foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em novembro do ano passado.
No pedido, a PGR defendeu a apuração de seis crimes, que teriam sido praticados a partir de 2017: organização criminosa, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e peculato, que é o desvio de dinheiro público.
Cláudio Castro e o empresário Flávio Chadud sempre negaram todas as acusações.
O delator foi interpelado judicialmente por calúnia e denunciação caluniosa e a defesa do governador já entrou com um pedido de nulidade da delação devido a supostas irregularidades da denúncia.
O pedido foi feito no processo da Operação Catarata, que apura um esquema de corrupção na Fundação Leão XIII, órgão do governo do Rio responsável por políticas de assistência social.
O MP do Rio denunciou 25 pessoas em agosto de 2020. Entre elas, a ex-deputada federal Cristiane Brasil e o ex-secretário estadual de Educação Pedro Fernandes, que negam as acusações.
A investigação do MP apontou que esse esquema causou um prejuízo de até R$ 32 milhões aos cofres públicos. O processo criminal estava na 26ª Vara Criminal da Justiça do Rio, mas foi encaminhado ao STJ em agosto, depois que um dos réus fechou acordo de delação e fez acusações contra Castro.
O delator é Marcus Vinícius Azevedo da Silva. O empresário contou ao MP que ajudou a financiar a campanha de Cláudio Castro a vereador, em 2016, e depois virou assessor dele na Câmara Municipal do Rio.
Em depoimento, o delator afirmou que Castro recebeu propina em contratos da Prefeitura do Rio quando era vereador, em 2017.
Marcus Vinícius disse ao MP que o dinheiro foi desviado da então Subsecretaria da Pessoa com Deficiência (SubPD).
Com a eleição de Wilson Witzel como governador do Rio, Cláudio Castro assumiu o cargo de vice-governador em janeiro de 2019. E a Fundação Leão XIII passou a ser subordinada diretamente a ele.
Marcus Vinícius contou ao MP que Cláudio Castro participou de um esquema de corrupção em projetos de assistência social da Leão XIII. E que até recebeu propina em dólar, nos Estados Unidos (EUA).
“(Castro) foi fazer uma viagem com a família pra Orlando. Ele, a atual primeira-dama, os filhos, cunhado, foi uma galera junto. Parte dos recursos que pagaram a viagem do Cláudio e da família lá em Orlando saiu dos cofres, da contabilidade do [programa da Leão XIII] “Novo Olhar” e foi direto pra Orlando. Quando ele chegou lá, o dólar tava lá. Não precisou sacar aqui. A pessoa só chegou e entregou pra ele. Na época foi o equivalente a 20 mil dólares, se eu não me engano. Dei uma parte, Flávio (Chadud, dono da empresa Servlog) deu outra”, revelou o delator.
Vinícius também falou sobre a visita que o então vice-governador fez à Servlog, empresa que tinha contratos com a Fundação Leão XIII, em julho de 2019.
O delator trabalhava no escritório dessa empresa, num shopping na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
A visita de Cláudio Castro carregando uma mochila, ao lado de Flávio Chadud, foi registrada por câmeras de segurança do shopping.
De acordo com o delator, naquela visita, Cláudio Castro recebeu R$ 120 mil de propina em dinheiro vivo, de Flávio Chadud, dono da Servlog.
Um dia depois dessa visita, Chadud foi preso na 1ª fase da Operação Catarata do MP do Rio, acusado de pagar propina em troca de contratos públicos.
Um outro alvo da Operação Catarata Bruno Selem, que trabalhava na Servlog. Ele também fechou um acordo de delação premiada e afirmou que Cláudio Castro recebeu cerca de R$ 100 mil de propina nesse encontro com Chadud no escritório da Servlog.
Com o impeachment de Wilson Witzel, Cláudio Castro assumiu o governo do estado interinamente em maio de 2020; em 2021, assumiu de forma definitiva.