Saúde

Fiocruz aponta que crianças têm baixa taxa de transmissão de Covid

Um estudo do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado nesta segunda-feira (10), aponta que as crianças têm baixa taxa de transmissão de Covid-19. A pesquisa foi feita com 667 pessoas em 259 domicílios de Manguinhos, entre maio e setembro de 2020.

Os dados constam no artigo “A dinâmica da infecção de SARS-CoV-2 em crianças e contatos domiciliares em uma comunidade pobre do Rio de Janeiro”, que ainda vai ser publicado na revista científica “Pediatrics, Official Journal of the American Academy of Pediatrics”.

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Para os pesquisadores, “as crianças incluídas no estudo não parecem ser a fonte da infecção de Sars-CoV-2 e mais frequentemente adquiriram o vírus de adultos”. “Nossas descobertas sugerem que em cenários como o estudado, escolas e creches poderiam potencialmente reabrir se medidas de segurança contra a Covid-19 fossem tomadas e os profissionais adequadamente imunizados”, diz o texto.

Pouco sintomáticas                     

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Como crianças, em geral, são pouco sintomáticas e tendem a seguir menos os protocolos de higiene e de distanciamento social, elas poderiam ser uma fonte de transmissão, lembra o estudo, o que motivou muitos países a fecharem as escolas precocemente e mantê-las fechadas por longos períodos. “Uma melhor compreensão do papel das crianças na dinâmica de transmissão é de importância fundamental para desenvolver diretrizes para a reabertura das escolas em segurança e de outros espaços públicos, além do desenvolvimento de estratégias de imunização”, diz o artigo. Para os pesquisadores, isso é particularmente importante em comunidades pobres, onde há um grande número de pessoas vivendo em uma mesma casa.

O ponto de partida para a pesquisa foi o acompanhamento de crianças com menos de 14 anos que buscaram algum tipo de atendimento no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), em Manguinhos. Essas crianças passaram, então, a serem visitadas em casa, sendo submetidas a testes de PCR e de sorologia (IgG). Adultos e adolescentes nessas casas também foram testados. 

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“Inferimos que se a transmissão do Sars-CoV-2 fosse principalmente de adultos e adolescentes para crianças, aquelas com PCR positivo teriam tido contato com um adulto ou adolescente com anticorpos IgG positivos para Sars-CoV-2 ou uma história clínica anterior sugestiva de Covid-19. Além disso, avaliamos o momento do pico da prevalência de Sars-CoV-2 IgG em crianças vs. adultos e adolescentes. Nossa hipótese é que se a transmissão fosse principalmente de adultos e adolescentes para crianças, o pico de prevalência de IgG em adultos e adolescentes ocorreria antes do pico de prevalência de IgG em crianças”, diz o artigo.

Um total de 32,6% (79/242) das crianças com menos de 14 anos e 31% (72/231) dos contatos familiares tiveram testes positivos, indicando que já tinham sido expostos ao Sars-CoV-2 até setembro de 2020. Das 45 crianças com testes positivos, 26 tiveram contato com um adulto também positivo. As outras 19 tiveram contato com adultos que não consentiram em fazer o teste, mas que relataram sintomas suspeitos de Covid-19. A pesquisa observou também uma proporção maior de crianças com menos de um ano infectadas, em comparação com grupos pediátricos de outras idades, o que seria atribuído ao contato direto com as mães. Enquanto um estudo na China revelou uma taxa de infecção de 17% em bebês, a pesquisa feita em Manguinhos registrou aproximadamente 30%.

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“A menos que essas crianças fossem portadoras do Sars-CoV-2 por um longo período, nossos resultados são compatíveis com a hipótese de que elas se infectam por contatos domiciliares, principalmente com seus pais”, diz o artigo, “ao invés de transmitir para eles”. O estudo, no entanto, destaca que o período de sua realização coincidiu com o fechamento das escolas. “Os adultos podem ter sido os propagadores mais importantes porque continuaram a trabalhar fora de casa, continuamente expostos nos transportes e locais de trabalho”, diz o artigo. 

“Mesmo não sendo as principais fontes de infeção nos domicílios no estudo, é necessário incluir crianças nos ensaios clínicos de vacinação. Se os adultos forem imunizados e as crianças não, elas podem continuar a perpetuar a epidemia. Se no mínimo 85% dos indivíduos suscetíveis precisam ser imunizados para conter a pandemia de Covid-19 em países de alta incidência, esse nível de proteção só pode ser alcançado com a inclusão de crianças em programas de imunização, principalmente no Brasil, onde 25% da população têm menos de 18 anos”. Os autores chamam atenção de que os resultados do estudo são referentes ao local e período estudado (maio a setembro de 2020), diferente do cenário atual com nova variante do vírus, mais transmissível, circulante.

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