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Pesquisadores identificaram, pela primeira vez, uma ligação entre o autismo e mudanças no microbioma intestinal de crianças. Um estudo publicado na revista “Nature Microbiology” revelou diferenças substanciais na composição microbiana entre crianças diagnosticadas com transtorno do espectro autista (TEA) e seus pares neurotípicos.
A pesquisa não estabelece uma relação de causa e efeito definitiva, deixando espaço para outras explicações plausíveis para essa associação.
No entanto, os cientistas sugerem que essas descobertas podem potencialmente simplificar os testes diagnósticos para pessoas no espectro autista. Atualmente, o diagnóstico de autismo depende principalmente de relatos dos pais e observações clínicas, um processo que pode ser demorado. Nos Estados Unidos, por exemplo, houve um aumento significativo nos diagnósticos nas últimas décadas, com uma prevalência de 1 em cada 36 crianças.
O estudo analisou amostras fecais de 1.627 crianças, incluindo aquelas com autismo, encontrando diferenças marcantes na microbiota intestinal entre grupos. Utilizando inteligência artificial, os pesquisadores conseguiram identificar crianças autistas com até 82% de precisão com base em 31 micróbios e funções biológicas específicas no sistema digestivo.
Os cientistas destacam que esses marcadores podem ser cruciais para um diagnóstico mais preciso do transtorno em diversos grupos de pessoas. No entanto, ressaltam limitações no estudo, como a incapacidade de determinar se as diferenças no microbioma intestinal são causa ou consequência do autismo, influenciadas por dietas e outros fatores ambientais associados ao espectro autista.
Uma análise independente publicada na mesma revista enfatiza a necessidade de replicação do estudo por outros grupos e em diferentes populações para validar completamente os resultados encontrados.