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Um medicamento europeu para epilepsia pode ser um tratamento eficaz para a apneia do sono, sugere um estudo recente.
Pacientes que tomaram sultiame apresentaram menos interrupções na respiração durante o sono, além de níveis mais altos de oxigênio no sangue, de acordo com os resultados de um ensaio clínico apresentado na terça-feira durante o congresso anual da Sociedade Respiratória Europeia, em Viena.
“Isso sugere que o sultiame pode ser um tratamento eficaz para a apneia obstrutiva do sono, especialmente para aqueles que não conseguem usar os tratamentos mecânicos disponíveis”, como a máquina CPAP, disse o pesquisador Jan Hedner, do Hospital Universitário de Sahlgrenska e da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
O sultiame nunca foi aprovado para uso nos Estados Unidos, mas é utilizado na Europa para tratar a epilepsia. Ele parece reduzir as convulsões ao aumentar os níveis sanguíneos de um anticonvulsivo já conhecido, chamado fenitoína.
O medicamento também atua no sistema respiratório, inibindo uma enzima chamada anidrase carbônica, que estimula os músculos das vias aéreas superiores, explicaram os pesquisadores.
No estudo, os cientistas recrutaram cerca de 300 pessoas em tratamento para apneia do sono em hospitais na Espanha, França, Bélgica, Alemanha e República Tcheca. Nenhum dos pacientes usava máquinas de CPAP ou dispositivos orais para manter as vias aéreas abertas durante o sono.
Três quartos dos participantes receberam doses variadas de sultiame, enquanto o restante tomou um placebo.
Aqueles que tomaram a dose mais alta de sultiame apresentaram uma melhora na respiração de 40% a 50% em comparação aos que tomaram o placebo, com base em diversas medidas da apneia do sono, apontaram os pesquisadores.
Os pacientes que usaram sultiame também relataram sentir-se menos sonolentos durante o dia, segundo os pesquisadores.
O medicamento causou efeitos colaterais leves a moderados, como formigamento, dor de cabeça, fadiga e náusea.
“As pessoas que tomaram sultiame no ensaio apresentaram uma redução nos sintomas da apneia obstrutiva do sono, como parar de respirar durante a noite e sentir-se sonolentas durante o dia”, afirmou Hedner em um comunicado à imprensa. “Os níveis médios de oxigênio no sangue também melhoraram com o tratamento.”
No entanto, Hedner ressaltou que mais ensaios clínicos são necessários para confirmar esses benefícios antes que o sultiame possa ser amplamente adotado como tratamento para apneia do sono.
Sophia Schiza, presidente da reunião da Sociedade Respiratória Europeia, destacou que este é um dos primeiros estudos a sugerir que um medicamento pode ajudar no tratamento da apneia do sono. Schiza não participou da pesquisa.
“Os resultados são promissores”, afirmou Schiza, professora de medicina respiratória e do sono na Universidade de Creta, na Grécia, em comunicado à imprensa. “Precisamos continuar testando o sultiame e outros tratamentos para compreender seus efeitos a longo prazo, incluindo os efeitos colaterais.”
Como esses achados foram apresentados em um congresso médico, eles devem ser considerados preliminares até que sejam publicados em uma revista científica revisada por pares.
FONTE: Sociedade Respiratória Europeia, comunicado de imprensa, 10 de setembro de 2024.
